“O alto turnover impacta negativamente a retenção de talentos, os custos financeiros, a continuidade operacional, a imagem da organização e a inovação“, enumera Guilherme Dias, CMO da Gupy, sobre o que parece ser um dos maiores desafios para o desenvolvimento de uma cultura inovadora nas empresas. O executivo se refere a estudo recente da consultoria, que discute, entre outros dados, o impacto da alta rotatividade nos resultados das companhias – o relatório de Clima & Engajamento da instituição, que analisa informações de mais de 400 empresas, de janeiro de 2022 a dezembro de 2023.
A pesquisa sugere necessidade urgente de criação de ambientes de trabalho mais humanizados e motivadores: o levantamento mostra correlação negativa considerável entre engajamento e turnover, mostrando que o caminho é se esforçar em manter os profissionais satisfeitos na companhia. Segundo o relatório, “é fundamental investir no engajamento […], estimulando a criatividade, a inovação e o bem-estar dos times”.
Ainda segundo a Gupy, o turnover afeta setores estratégicos para a economia e para a própria inovação, uma vez que segmentos como Tecnologia e Software (3,8%) e Varejo e Atacado (3,4%) lideram em saídas voluntárias. Recorrendo a outros dados, no Brasil, o alarme é geral, por uma questão que afeta a economia como um todo: o país é o campeão de rotatividade, segundo dados recentes do Ministério do Trabalho e da consultoria Robert Half. Com uma taxa de 56%, supera países como Reino Unido, França e Bélgica no ranking do troca-troca operacional.
Impacto do bem-estar
Junto aos mais jovens, que compõem o topo das estatísticas demissionais, questões psicológicas têm impactado diretamente a permanência no mercado de trabalho. Estudos realizados pela Mind Share Partners, em parceria com a SAP e a Qualtrics, dão conta de que três em cada quatro trabalhadores da Geração Z e metade dos profissionais da Geração Y se demitem por motivos relacionados à saúde mental.
“A pandemia trouxe autoconhecimento para muitas pessoas, que tiveram oportunidade de olhar para suas vidas com mais cuidado e recalcular prioridades. Sem dúvidas, muitas das práticas adotadas no mercado de trabalho não eram saudáveis e isso tem mudado com a volta aos escritórios”, afirma Dias, da Gupy.
“Bem-estar é tão importante quanto receita numa empresa”, conclui o executivo, relatando que a própria consultoria equilibra a saúde dos colaboradores a outros fatores estratégicos nas decisões de negócios. “É, também, uma forma de sinalizar uma gestão humanizada e passar confiança ao time”, enfatiza. E uma maneira de reter talentos e salvaguardar as condições criativas propícias a uma cultura inovadora.
Potencial criativo
A alta rotatividade de funcionários compromete a continuidade de projetos estratégicos, enfraquece o senso de pertencimento e limita o potencial criativo das equipes. Pesquisa realizada pela Adobe, que aponta que investir na criatividade da equipe também aumenta os níveis de felicidade dos colaboradores, o que sugere que a relação inversa pode ser prejudicial, com a inventividade diretamente impactada por riscos psicossociais, como sobrecarga, assédio e insegurança no trabalho. Fatores que, por sua vez, ganham maior relevância legal, no contexto da promoção de saúde mental nas empresas.
A partir de maio de 2025, esses fatores estarão na mira da atualização da Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1), que exigirá que empresas identifiquem e gerenciem riscos psicossociais dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). “Essa mudança estabelece um novo padrão de responsabilidade para as empresas e reforça a necessidade de ações concretas para a prevenção do adoecimento mental”, destaca Tatiana Pimenta, CEO da Vittude, empresa especializada em bem-estar corporativo.
Um ambiente psicológico seguro e estimulante passa pela escuta ativa, pelo engajamento e por lideranças preparadas para acolher os colaboradores e incentivar a criatividade. “Mais do que um diferencial competitivo, a gestão da saúde mental é uma obrigação regulatória e uma responsabilidade civil do empregador. Empresas que estruturam programas eficazes de prevenção e gestão dos riscos psicossociais protegem não apenas seus colaboradores, mas também a sustentabilidade do próprio negócio”, entende Tatiana.
Tema de evento
O Fórum Melhor RH Innovation discutirá o tema desta reportagem no painel “Ladrões de criatividade” (que abordará como saúde, bem-estar e engajamento afetam o potencial de inovação dos colaboradores), além de diversas outras correlações entre inovação e gestão de pessoas. O evento, promovido pela Plataforma Melhor RH e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação, reunirá especialistas para debater, sobretudo, o papel do RH na construção de ambientes mais inovadores, colaborativos e preparados para o futuro do trabalho.
Programado para acontecer nos dias 14 e 15 de abril, de forma on-line e gratuita, o Fórum é um desdobramento da Premiação Melhor RH Innovation, que reconhece cases de inovação que estão transformando a gestão do capital humano.
Para aqueles que desejam uma experiência presencial e aprofundada sobre o tema, além de networking de qualidade, o evento que revelará os premiados nessa iniciativa acontecerá no dia 11 de março, no Teatro CIEE, São Paulo (SP). Os ingressos são limitados e podem ser adquiridos por R$285,00 pelo e-mail giulia.mel@revistacomunicacao.com.br.
📌 Mais informações e inscrições para o Fórum Melhor RH Innovation: https://bit.ly/FMRHINN