Saúde mental

Empatia é forma de prevenir e quebrar o ciclo do burnout, diz neurocientista

Neurocientista dá dicas para exercitar o comportamento empático no trabalho. Escuta ativa, olhar atento ao colaborador e foco em afinidades seriam essenciais

de Redação em 12 de janeiro de 2022
Master1305/ Freepik.com

A Síndrome de Burnout, quadro psicológico que pressupõe a percepção de cansaço excessivo por tempo prolongado, é associada a uma forte perda de interesse e engajamento nas atividades de trabalho. O colaborador tem a sensação de “nadar na praia” com relação aos seus esforços profissionais – experimenta ausência de significado de suas funções –, entre outros sentimentos negativos, como frustração, tristeza e sintomas como ansiedade e depressão. Para os que apresentam esse quadro, há dificuldade em ressignificar a realidade e sair de um ciclo de exaustão e impotência, contexto que os pares e líderes na organização podem ajudar a modificar e prevenir.

A diferença entre mergulhar numa crise e recuperar o fôlego e o bem-estar está na empatia dos colegas e gestores em relação à situação do profissional acometido pela síndrome, entende Ana Carolina Souza, neurocientista e sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de Neurociência Organizacional. O olhar empático e cuidadoso da equipe pode, inclusive, fazer com que o colaborador acometido perceba a necessidade do auxílio especializado – essencial quando o burnout se instala – , além de tornar o ambiente de trabalho e as relações mais humanas, acolhedoras e favoráveis à superação do problema.

“A Síndrome de Burnout está associada a uma desconexão entre aspectos importantes como o volume de trabalho, a percepção de controle do indivíduo sobre a situação, seu reconhecimento e as relações com as pessoas (inclusive os gestores)”, explica Ana Carolina. “O controle do estresse e o exercício saudável da liderança são aspectos fundamentais para ajudar a evitá-la”, ressalta.

É saudável que os gestores tenham conhecimento do fenômeno e estejam constantemente atentos aos seus colaboradores como uma forma de prevenção, entende a neurocientista – saber ler os funcionários é uma forma de empatia. “Ao perceber que algum dos colaboradores possa estar sob grande pressão, sobrecarregado, ou desenvolvendo uma possível frustração associada ao trabalho, é importante buscar formas de reverter o cenário e assim evitar um desgaste maior.”

Outra forma de empatia é dar atenção genuína às pessoas. Ao conversar com os colaboradores, Ana Carolina recomenda “fazer contato visual e ouvir atentamente ao que dizem”. Segundo a especialista, é preciso “exercitar o que chamamos de ‘escuta ativa’, quando ouvimos o que o outro está dizendo, inibindo nossos julgamentos e pensamentos para que de fato seja possível compreender a perspectiva e os sentimentos da pessoa que fala”. 

Outra forma muito eficiente de desenvolver comportamento empático é o contato com pessoas diferentes, de outros departamentos e com outras formações e perspectivas, explica Ana Carolina. “Conversar com pessoas de outras áreas, que trabalhem em outras profissões, pode ser uma forma bem leve de exercitar a sua capacidade de empatia.” Já para os líderes, a dica da especialista é sempre se lembrar qual é a importância daquele indivíduo para a equipe. “No exercício da empatia, valorize sempre o que as pessoas têm em comum, buscando por coincidências e não divergências”, ensina. 


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