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Liderança intermédia: o diabo mora nos detalhes

Cerca de 60% dos novos gestores de médio escalão falham nos primeiros dois anos devido à falta de preparo e desenvolvimento adequado

de Paulo Almeida em 28 de fevereiro de 2025
Freepik.com


A média gerência desempenha um papel vital dentro das organizações. Ela é o elo entre a estratégia definida pela alta liderança e a execução operacional realizada pelas equipes. No entanto, aqui o diabo mora nos detalhes.

Na verdade, a transição para a média gerência costuma ser desafiadora. Segundo uma pesquisa da Gartner, 60% dos novos gestores de médio escalão falham nos primeiros dois anos devido à falta de preparo e desenvolvimento adequado. Esse é um dado que reforça a necessidade de programas estruturados de formação e acompanhamento desses profissionais.

Em uma palestra sobre os desafios da liderança intermediária, o escritor Simon Sinek destaca como os líderes de nível médio enfrentam pressões de cima e debaixo na hierarquia organizacional. Eles precisam equilibrar as expectativas dos líderes seniores com as necessidades e desafios das equipes que lideram. Sinek argumenta que muitos líderes intermediários se sentem presos, pois não têm total autonomia para tomar decisões estratégicas, mas ainda assim são responsáveis por motivar e engajar suas equipes. Isso pode levar à frustração, especialmente quando a cultura organizacional não oferece suporte adequado. 

Esses gestores devem ser treinados para desenvolver habilidades essenciais, como influência, comunicação, gestão de conflitos e tomada de decisão. Um estudo da Harvard Business Review apontou que 65% dos gestores de médio escalão sentem que não recebem suporte suficiente para desenvolver suas capacidades de liderança.

Os gestores de médio escalão são responsáveis por traduzir as estratégias organizacionais em ações concretas, além de garantir a motivação e o engajamento das equipes. Segundo um estudo da McKinsey & Company, 70% das decisões tomadas por empresas de grande porte são operacionalizadas pela média gerência. Isso é bem demonstrativo da relevância desses profissionais na execução da estratégia organizacional.

Para garantir que os gestores de médio escalão tenham sucesso, é essencial adotar uma abordagem holística de desenvolvimento. Formar líderes na média gerência é um desafio. Exige uma abordagem estruturada e um compromisso contínuo por parte das organizações e do RH. Ao investir no desenvolvimento dessas lideranças, as empresas garantem uma gestão mais eficiente, melhor alinhamento estratégico e um ambiente organizacional mais sólido. 

Programas de mentoria são fundamentais para apoiar os líderes em desenvolvimento. Ao conectar gestores experientes com os novos líderes, cria-se um ambiente de aprendizado contínuo. O coaching também se mostra eficaz, pois oferece feedback estruturado e acompanhamento individualizado. Cursos e treinamentos devem estar alinhados às demandas reais do cargo. Modelos de aprendizado baseado em experiência, como simulações, estudos de caso e imersões em projetos reais, permitem que os gestores desenvolvam competências em um contexto prático.

Em síntese, muitas organizações negligenciam o desenvolvimento dessa camada essencial da liderança, que são estes líderes no médio escalão. Então, o primeiro passo é investir em treinamentos focados em habilidades de liderança, como comunicação, inteligência emocional e gestão de pessoas. Programas de desenvolvimento que combinam teoria e prática, como mentorias e job rotations, são fundamentais para preparar esses profissionais para desafios reais. Além disso, a cultura organizacional deve incentivar a autonomia e a tomada de decisão. Muitos líderes intermediários enfrentam o dilema de ter responsabilidades sem autoridade suficiente para implementar mudanças. Empresas que oferecem suporte e clareza sobre o papel desses profissionais criarão um ambiente mais propício para sua evolução. O reconhecimento e a valorização desses líderes são fatores-chave para sua retenção e crescimento. Feedback contínuo, planos de carreira estruturados e oportunidades de ascensão dentro da empresa ajudam a manter esses profissionais motivados e comprometidos.

Portanto, a formação de líderes no médio escalão não é apenas um investimento em pessoas, é um fator determinante para o sucesso organizacional no Brasil.

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Paulo Almeida

Diretor do Núcleo de Pesquisa em Liderança e Pessoas da Fundação Dom Cabral.