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O que as empresas estão fazendo de fato pela saúde mental dos colaboradores?

Criar um ambiente onde os colaboradores se sintam confortáveis para falar sobre suas dificuldades não é um diferencial competitivo, mas sim uma responsabilidade inadiável

de João Roncati em 6 de março de 2025
Frepik.com

Os transtornos psicológicos já são a terceira principal causa de afastamentos no INSS, com a depressão liderando a lista. Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), mais de quatro em cada dez brasileiros já enfrentaram problemas de ansiedade. Esses números alarmantes evidenciam um problema que há muito deixou de ser apenas uma questão individual: a saúde mental no ambiente de trabalho.

Muito se fala sobre equilíbrio emocional e segurança psicológica, especialmente no contexto do trabalho remoto. No entanto, transformar essa consciência em ações concretas ainda é um desafio. O que impede as empresas de oferecer um suporte real aos seus colaboradores? Por que, mesmo sabendo o que deve ser feito, muitas organizações falham em criar um ambiente que favoreça o bem-estar?

A resposta passa pelo papel dos líderes. Criar um ambiente em que as pessoas possam falar sobre seus desafios emocionais sem medo de julgamentos é essencial. Isso não significa transformar cada reunião em uma sessão de terapia coletiva, mas sim garantir que os colaboradores saibam que existem canais de apoio nos momentos de maior dificuldade.

Cada empresa tem sua própria cultura, mas a necessidade de garantir um ambiente psicologicamente seguro é universal – e a chave para alcançar esse objetivo está na empatia e na percepção dos gestores. Identificar sinais de esgotamento, sobrecarga ou ansiedade entre os colaboradores é um primeiro passo, mas a transformação real só acontece quando ações concretas são implementadas. 

E algumas formas de viabilizar esse suporte incluem:

  • Canais de apoio: disponibilizar espaços para que os colaboradores relatem suas dificuldades, seja por meio de mentorias, grupos de escuta ou serviços de terapia corporativa.
  • Flexibilidade e autonomia: permitir que os profissionais ajustem suas rotinas conforme suas necessidades, evitando sobrecarga e estresse.
  • Campanhas de conscientização: promover iniciativas educativas sobre burnout, ansiedade e depressão, desmistificando temas ainda considerados tabus.
  • Liderança humanizada: estimular gestores a conduzirem conversas abertas sobre bem-estar, criando um ambiente de confiança.

Sabemos o que precisa ser feito, mas por que tantas empresas ainda falham? O problema está na inércia. Muitos gestores reconhecem a importância da segurança psicológica, mas poucos transformam esse conhecimento em práticas reais. O impacto da negligência se reflete em afastamentos, baixa produtividade e, em última instância, no desgaste da cultura organizacional.

No Brasil, diversas empresas oferecem soluções voltadas para a saúde mental no ambiente corporativo, ajudando a promover o bem-estar dos colaboradores. Os serviços incluem terapia online, programas de mindfulness, coaching emocional, palestras e workshops sobre inteligência emocional e gestão do estresse. Algumas plataformas disponibilizam atendimento psicológico individualizado, enquanto outras focam em treinamentos coletivos para fortalecer a cultura organizacional e melhorar a qualidade de vida no trabalho.  

Essas iniciativas demonstram que cuidar da saúde mental no ambiente corporativo é uma necessidade urgente. O verdadeiro desafio está em garantir que mais empresas adotem esse compromisso e transformem a consciência em ações concretas. Criar um ambiente onde os colaboradores se sintam confortáveis para falar sobre suas dificuldades não é um diferencial competitivo, mas sim uma responsabilidade inadiável.

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João Roncati

Diretor da People + Strategy