Saúde mental

Ações que promovem a humanização da relação empresa-colaborador

Em conversa com a Melhor RH, Carlos Toledo, Diretor-Executivo de Recursos Humanos da Zurich, lista ações que humanizam a relação empresa-funcionário

de Redação em 22 de setembro de 2021

O debate sobre a saúde mental dos funcionários ganhou destaque entre gestores com o avanço da pandemia no Brasil. Muitas empresas vêm criando programas e adotando ações voltadas para a proteção e promoção do bem-estar de seus funcionários. Isso significa deixar de lado um tipo de relacionamento mecanizado, focado apenas em prazos e metas, para adotar uma relação mais humanizada.

Uma das empresas que vem liderando essa tendência é a Zurich, seguradora que conta com um quadro de 1.500 funcionários no Brasil. A empresa conta, hoje, com um programa intitulado Equilíbrio Z, que tem justamente como objetivo balancear de forma saudável a vida pessoal e profissional dos funcionários da empresa.

Em uma conversa com a Melhor RH, Carlos Toledo, Diretor-Executivo de Recursos Humanos da empresa, falou sobre as iniciativas da seguradora e os impactos positivos que elas vêm apresentando.

Melhor RH: Quando e o que motivou a criação do programa Equilíbrio Z? Houve alguma solicitação dos funcionários?

Carlos Toledo: O Equilíbrio Z nasceu em agosto de 2019, com o propósito de estimular o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, bem como proporcionar maior qualidade de vida aos funcionários da Zurich e seus dependentes, por meio de ações e benefícios que apoiam o colaborador em quatro dimensões da saúde: Física, Emocional, Financeira e Social.

O Equilíbrio Z é, portanto, um guarda-chuva no qual estão centralizadas todas as ações em prol desses funcionários, a partir dessas dimensões. A prioridade da Zurich é o bem-estar dos 1.500 funcionários que ela mantém no Brasil. Por essa razão que o programa Equilíbrio Z promove diversas ações, como: ginástica laboral, orientação nutricional, yoga, meditação guiada e aconselhamento psicológico, só para citar alguns exemplos, além de contar com ferramentas tecnológicas, como os dois aplicativos recém-lançados.

Um é o aplicativo Equilíbrio Z, lançado em maio de 2021 e que tem o mesmo nome do programa, pois foi criado para potencializar suas ações. Ou seja, reforça o objetivo de auxiliar os funcionários e seus familiares a integrarem gestão de saúde, bem-estar e qualidade de vida em uma só plataforma. O app reúne todas as ações e vantagens do programa homônimo e dá suporte às dimensões física, emocional, financeira e social da saúde.

Com o aplicativo, os funcionários da Zurich, seus cônjuges e filhos (maiores de 18 anos) têm à disposição ferramentas como: protocolos de avaliação de sua saúde física e emocional, com questionários validados por especialistas; acesso a conteúdo personalizado, com base nas metas de saúde de cada usuário; histórico de saúde, com possibilidade de inclusão de calendário vacinal e resultados de exames já realizados; e encaminhamento ao portal das operadoras de saúde, para agendamento de consulta. Todas as informações concedidas pelo usuário são sigilosas.

O outro app – que é recém-lançado – chama-se PAI Health (que é o nome de uma startup parceira da Zurich, que venceu a etapa nacional do Campeonato de Inovação promovido pela seguradora em 2020). O app é voltado à prevenção de doenças cardiovasculares e atua por meio do monitoramento da atividade física de seus usuários. 

Melhor RH: Estão ocorrendo muitos afastamentos por questões de saúde mental?

Carlos Toledo: De acordo com a OMS, o Brasil ocupa o primeiro lugar na América Latina no índice da população que sofre com depressão e o segundo maior nas Américas, e a pandemia agravou esse quadro. Pesquisas demonstram que esse cenário não é diferente nas organizações, que relatam afastamentos de seus colaboradores por questões de saúde mental.

Muitas vezes, o afastamento inicial de um colaborador não indica um problema mental e há ainda preconceito ou resistência em aceitar que é necessário ajuda para temas como depressão e ansiedade.

Não tivemos muitos casos de afastamentos nos últimos dois anos, mas estimamos que 4% dos nossos colaboradores tenham sofrido ou sofrerão algum episódio relacionado com sua saúde mental.

Melhor RH: Por que as empresas devem investir na saúde mental de seus funcionários?

Carlos Toledo: No amplo espectro de ações que se enquadram na categoria de valorização dos funcionários, mantê-los bem e saudáveis em todas as esferas deve ser uma prioridade. E esta é mais que uma opinião pessoal; é um fato atestado por diversos especialistas mundo afora, como discutiu o documento Futuro do trabalho e, mais recentemente, “Moldando um futuro de trabalho melhor: Percepções do mercado global e local”, ambos fruto de uma parceria entre a Zurich e a Universidade de Oxford.

Como revelaram as pesquisas, funcionários em empresas de todo o mundo esperam que seus empregadores participem mais de seu bem-estar geral. Estes têm um grande “dever de cuidar”, especialmente após a Covid-19, que reestruturou o mundo do trabalho, como observaram os entrevistados para o relatório. E, por conta dos impactos da pandemia, quando precisam de apoio, as pessoas passaram a recorrer às suas empresas.

E elas estão certas. Os funcionários são o bem mais valioso das companhias e têm o direito de esperar que sejam cuidados. Considerar as pessoas apenas como uma força de trabalho é algo do passado. O equilíbrio de vida, que considera aspectos físicos, mentais e financeiros, deve ser apoiado como um todo, e isto deve ser feito como prioridade na corporação – algo que é bom para as duas partes envolvidas: dessa forma, num ambiente de menos estresse, ambas prosperam.

Convém destacar que, em muitos casos, o ato de cuidar dos funcionários acaba por também contemplar seus núcleos familiares, como a pandemia que ainda está em curso demandou das corporações. Foi assim na Zurich, que sentiu que tal ato deveria ir além dos colaboradores, assistindo também, em alguns casos, suas famílias.

Não é por acaso que o Programa Equilíbrio Z contempla, como falei antes, o bem-estar dos nossos funcionários e de seus familiares. E agora, com a Psicologia Viva, teremos a oportunidade de fornecer esse apoio à saúde mental de forma mais profunda para ambos.

Melhor RH: Que impacto a qualidade de vida do colaborador tem em sua produtividade?

Carlos Toledo: A Zurich tem como promessa aos seus colaboradores o crescimento mútuo. E isso só é possível se garantir, ao máximo, uma boa qualidade de vida e o bem-estar dos nossos, em todas as esferas.

Pegue-se o episódio da pandemia pelo novo coronavírus: ela potencializou algumas de nossas iniciativas: assim que ela foi decretada, adiantamos a data do pagamento para evitar aglomerações; juntamos o benefício de Vale-Refeição ao Vale-Alimentação, por exemplo, para utilizar no supermercado, já que todos estamos em home office; por conta do home-office, também demos um subsídio financeiro para os funcionários comprarem cadeiras apropriadas para trabalharem de casa; também oferecemos 1000 dólares para os funcionários que contraíram Covid-19 para a internação e 250 dólares a cada dia que ficaram internados. Felizmente, não houve casos de falecimento entre funcionários, mas estendemos esse benefício aos seus familiares; aderimos ao movimento “Não demita”, que levou dois meses, mas estendemos por mais um. Foram, portanto, 90 dias.

Iniciativas assim trazem tranquilidade, pois sabemos que a pandemia trouxe uma série de impactos, tanto físicos quanto mentais, que levaram as pessoas no geral a terem preocupações, medos, burnout e doenças mentais. Estamos sempre monitorando.

A Zurich tem integridade, propósito e compromisso com seus funcionários, por isso agiu e continua agindo em prol do bem-estar deles – fazemos porque é o certo a se fazer. Mas não enxergamos tais medidas como custo, pois, com elas, temos um número maior de pessoas engajadas, com índices crescentes de produtividade – não tem como ser diferente quando se investe na saúde, bem-estar e satisfação do colaborador.

O fato é que nosso turn-over tem sido menor do que no ano passado, e vimos mantendo esse patamar mais baixo em comparação ao período pré-pandemia. Gestão é a chave de tudo: na Zurich adotamos o modelo de menos supervisão e controle e mais gestão, como mais empatia, procurando entender e ajudar.

Melhor RH: Há algum dado ou pesquisa que aponte os resultados do programa Equilíbrio Z?

Carlos Toledo: Desde que lançamos o programa, no final de 2019, buscamos relacionar as ações com outros indicadores e é sempre um desafio. Mas podemos citar dois exemplos de resultados.

Dentro do pilar financeiro, melhoramos o plano de previdência complementar para nossos colaboradores: antes dessa mudança, havia cerca de 50% de funcionários participantes; agora contamos com 70%.

O outro exemplo é a pesquisa do GPTW (Great Place to Work), em que, pelo terceiro ano consecutivo, temos orgulho de a Zurich ter sido considerada uma das melhores empresas para se trabalhar. Este ano também fomos finalistas no Ranking GPTW, categoria Mulher. O Equilíbrio Z contribuiu muito para esses resultados.

Carlos Toledo é Diretor-Executivo de Recursos Humanos da Zurich Brasil

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