Com formações que vão de Engenharia a um MBA em Finanças, Tiago Alves empreendeu dentro e fora de organizações no Brasil, na América Latina, na Europa e nos Estados Unidos. Há 6 anos consolidou sua carreira à frente da Regus e Spaces no Brasil – o grupo opera em mais de 120 países e aloca mais de 8 milhões de pessoas trabalhando de forma híbrida, em coworkings ou escritórios.
O executivo, que palestra sobre o futuro do trabalho, clash de gerações, sociedade 5.0, inovação e transformação digital em empresas, além de desmistificar o mundo dos escritórios flexíveis e de coworking na mídia e eventos C-level, mostrando que essas são ferramentas para todos os tipos de empresas – e que a retenção de talentos depende delas –, acaba de lançar o livro “Nem home nem office”, pela editora Gente.
A publicação aborda os pilares do trabalho híbrido e o que é necessário saber na hora de implementar esta nova cultura empresarial, preferência de 48% das empresas em 2022, segundo levantamento da Robert Half. À Plataforma Melhor RH ele fala com exclusividade sobre a interação entre gerações nos novos modelos de trabalho.
Quais são os principais desafios nas interações geracionais no modelo híbrido?
Um dos principais desafios que as empresas enfrentam com esse modelo ainda é a dificuldade das gerações mais antigas em aceitar a liberdade de trabalho e confiança no novo colaborador. Trata-se de uma geração que foi criada no modelo de comando e controle, onde itens como horário e presença muitas vezes eram mais importantes do que a performance. Por conta disso, muitas das vezes, os gestores (que vêm de uma cultura mais controladora), não conseguem se adaptar facilmente a essa nova política, e acabam sobrecarregando os seus liderados, com diversas reuniões por dia ou relatórios, só para terem a convicção de que aquele colaborador está trabalhando, ou uma falsa sensação de controle.
Existe, também, o desafio da tecnologia. Ao mesmo tempo que os hábitos de trabalho das novas gerações tendem a ser mais íntimos do uso da tecnologia, facilitando as atividades, essa prática dificulta o trabalho de gerações mais antigas.
Existe algum padrão/ queixa específica de determinada geração sobre modelos híbrido ou presencial de trabalho?
Interessante que a Geração X, ou mesmo as gerações mais antigas, querem um retorno presencial cada vez mais constante. Afinal de contas, é uma geração que foi acostumada que trabalho é realizado em escritório. Já as gerações mais novas, como a geração Y ou Z, vai no sentido oposto.
Os mais novos, da geração Z, preferem um trabalho 100% remoto, enquanto a geração Y busca exatamente o balanço perfeito entre alguns dias no escritório e alguns dias em casa. No final das contas, é exatamente essa grande mescla de gerações e de pontos de vista que faz com que o trabalho híbrido seja implementado nas grandes empresas.
Qual o papel das lideranças nessa integração geracional nos novos modelos de trabalho?
O papel do líder nesse momento de mudança é, principalmente, de garantir que todos tenham a mesma experiência positiva nessa transição, seja o colaborador da geração Baby boomer ou Millennial. Para isso, a empresa precisa rever a sua cultura e propósito, já considerando as expectativas criadas por cada geração em relação ao ambiente profissional.
Vale ressaltar que um líder que ainda não conseguiu se adaptar à essa nova estrutura dificilmente irá conduzir sua equipe para essa transformação. Dessa forma, a companhia deve estar atenta à essas mudanças e investir, cada vez mais, em treinamentos e atualizações para seu time de gestores a fim de garantir que todos estejam na mesma página e sintonia quando essa transição ocorrer.
Qual a importância das tecnologias nessa integração?
A chegada de novos sistemas de gestão, cada vez mais completos, não só agrega valor à empresa, como também diminui a carga de cobrança desnecessária imposta nos gestores e nos colaboradores como um todo. Hoje, já vemos diversos formatos e estruturas de trabalho digitais que junto com outras metodologias ágeis, como o Scrum e Kanban, colaboram na facilidade de comunicação entre as equipes e tornam a integração e gestão de sistemas ainda mais simples. E isso é o quesito número um, para quem quer implementar o modelo de trabalho híbrido na sua empresa. Não basta apenas dividir os dias de trabalho entre casa e escritório. É preciso ter a garantia de que seu time esteja seguro e atualizado das tarefas em andamento e objetivos, independentemente de onde estiverem.