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Incertezas com a Ômicron multiplicam o desafio de calcular investimentos em benefícios trabalhistas

Autonomia do usuário será a tendência dos benefícios do futuro do trabalho

de Anderson Belem em 15 de dezembro de 2021
imagem de indivíduo fazendo cálculos. Crédito: Canva.com

Para a maioria das pessoas, o debate sobre a volta ao trabalho presencial ou a permanência no home office é apenas uma questão de opinião ou algo que se pode decidir mais para frente. Mas para os profissionais encarregados em calcular o investimento que as empresas precisam fazer em termos de benefícios trabalhistas, o assunto exige decisões imediatas que se tornaram ainda mais complexas com o surgimento da nova variante Ômicron.

A razão deste imediatismo é o fato de que a aquisição de instrumentos como vale transporte, vale alimentação e outros são feitos antes que eles sejam efetivamente utilizados, ou seja, as empresas fazem a compra de um valor em vales e distribuem para que seus colaboradores os utilizem ao longo do mês seguinte à entrega. Desta forma, como saber a quantidade mais próxima da realidade de uso sendo que não se sabe nem ao certo quantos trabalhadores vão precisar se locomover de  suas casas até os ambientes das companhias ou o volume de pessoas que vai precisar se alimentar fora de casa a partir do próximo mês?

Este dilema já vinha tirando o sono dos estrategistas de recursos humanos das empresas ao longo do ano, mas parecia estar mais perto de oferecer um nível mais confortável de previsibilidade com o crescimento da cobertura vacinal e a consequente diminuição dos números de infecções, internações e mortes.

Um dos estudos que estava começando a contribuir para esta ajuda no cálculo foi a 6ª edição da pesquisa “Covid-19: como será o seu retorno aos escritórios”, elaborada pela KPMG no Brasil. Após ouvir 287 empresários de diferentes setores de negócios, o estudo concluiu que pouco mais da metade dos entrevistados, 52%, pretendia retornar ao trabalho presencial ainda no segundo semestre de 2021.

Ocorre que nas últimas semanas, este cenário pode ter  mudado. As notícias sobre o surgimento da nova variante Ômicron já fizeram empresas de muitos países mudarem de ideia e adiarem a volta aos escritórios. Nos EUA, organizações que ditam tendências, como a  Alphabet, dona do Google, e a Apple, anunciaram a decisão de postergar a volta de seus funcionários aos escritórios. Na Noruega, os trabalhadores de Oslo e outras 21 cidades já foram orientados a  trabalharem em suas casas durante alguns dias da semana, como forma de conter a ômicron. Enquanto isso, autoridades da Suíça também já anunciaram que estudam a adoção de alguma medida neste sentido.

Com o surgimento dos primeiros casos no Brasil, as festas de final de ano, por exemplo, já estão sendo canceladas e o receito da necessidade de um retrocesso na questão da mobilidade está sempre presente.

Sendo assim, ao tomar a decisão por adquirir uma quantidade de vale transporte, vale alimentação ou outro tipo qualquer de benefício, a empresa corre o risco de comprar numa quantidade maior do que a necessária e assim arcar com o prejuízo, ou comprar uma quantidade inferior à necessária e deixar de oferecer as melhores condições para seus colaboradores, justamente no momento em que eles mais precisam se sentir acolhidos.

A saída para este dilema se encontra na inovação.  É preciso que os benefícios para o trabalhador acompanhem a realidade dos acontecimentos e não fiquem presos a um cenário que já não existe mais. Isto significa tornar os instrumentos de auxílio mais flexíveis e garantir a autonomia de uso para os trabalhadores.

Atualmente,  são as empresas que decidem,  por exemplo, o valor médio que a pessoa vai usar por dia no transporte ou quanto ela vai gastar para almoçar, assim como o tamanho de sua cesta básica.  Considerando que o modelo de trabalho híbrido já é uma realidade, este tipo de rigidez se torna totalmente desconectado do dia a dia.

Os novos tempos exigem uma relação mais aberta entre as empresas e seus colaboradores. A transformação digital se baseia na colaboração e na responsabilidade. As organizações informam suas necessidades e os profissionais sabem que precisam executar suas missões para que isso aconteça.  Não é mais necessário ter ‘chefes’ monitorando cada movimento e fazendo cobranças o tempo todo. Esta também deve ser a característica dos benefícios. A empresa distribui um valor de consenso entre as duas partes e não interfere na forma como as pessoas vão usar.  Quem quiser gastar mais no almoço, sabe que terá que economizar mais no transporte ou em outro aspecto de benefício.

A autonomia do usuário será a tendência dos benefícios do futuro do trabalho e desta forma, os estrategistas em recursos humanos terão coisas muito mais estratégicas para se preocuparem. Com ou sem pandemias.

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Anderson Belem

Anderson Belem é CEO da fintech Otimiza Bank.