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Modernização nos portos brasileiros: importância da qualificação dos profissionais

Era digital mudou o RH nos mais modernos portos brasileiros, a estratégia agora é de captar talentos de uma geração mais conectada

de Lenilton Jordão em 22 de julho de 2021

Trabalhar com vista para o mar não é a razão mais tentadora de atuar nos portos brasileiros. O horizonte também é positivo quando se fala em desenvolvimento e crescimento profissional a longo prazo: a formação, capacitação e desenvolvimento de pessoas estão presentes por aqui.

Quem não está familiarizado com o setor ainda tem uma visão anterior aos anos 90 em relação ao trabalhador portuário, quando o serviço braçal era predominante. Até este período, os portos de fato possuíam uma estrutura defasada e sucateada, com baixa adoção de tecnologia, dificultando a competitividade do modal e impactando as importações e exportações do país.

Junto à modernização dos portos, vieram equipamentos de ponta, como o portêiner, um gigante que custa milhões e que jamais poderia ser operado por pessoas que não são qualificadas para tal, e o departamento de RH também precisou se adaptar às novidades.

Investir em pessoas

A sofisticação tecnológica trouxe a necessidade de investir em pessoas para que a operação seja feita de forma segura, eficiente e produtiva. Em 2013, a DP World Santos quebrou barreiras ao contratar seus primeiros funcionários – sem experiência. A aposta deu certo: dos 700 integrantes desta época, cerca de 500 continuam no terminal, e 86% já foram promovidos. Superado o primeiro desafio, o de contratações, a qualificação foi a próxima etapa em que a área de RH passou a aprimorar para deixar os integrantes preparados para as novidades que chegavam ao setor.

Os profissionais portuários passam por etapas não apenas restritas aos limites dos cais, mas também formações no exterior. Em meados de 2012 e 2013, na ocasião do início das operações da empresa, uma parcela dos integrantes recém-contratados teve a oportunidade de participar de um intercâmbio de conhecimento internacional quando viajaram para o Peru, em um programa de qualificação no Terminal Muelle Sur, no Porto da DP World em Callao, cidade próxima a Lima. No país vizinho, os profissionais foram capacitados a operar RTGs e QCs (portêineres), em treinamentos que misturam teoria e prática, além de avaliações.

Essa experiência abriu caminhos para que, posteriormente, se tornassem ATAPs – sigla para Advanced Trainer & Assessor Program –, uma nomeação global da companhia que habilita operadores a capacitarem outros membros do grupo, em maior escala. Foi o que aconteceu anos depois, quando esta turma e outros profissionais tiveram a oportunidade de contribuir para a capacitação de operadores de países que também estavam iniciando suas operações, como Moçambique e Equador.

Transmissão de conhecimento

O intercâmbio valioso de conhecimentos e culturas não parou por aí. Às vésperas da inauguração do terminal, uma comitiva partiu de Santos com destino a Posorja, no Equador. Coordenadores de operações, operadores de equipamentos, planejadores, supervisores de Gate, gerente de manutenção e representantes de tecnologia da informação puderam ensinar e avaliar os seus formandos no início das operações da primeira instalação de águas profundas daquele país.

Graças aos bons resultados desta experiência, aliado ao fomento de instituições educacionais, hoje o cenário do recrutamento & seleção é bem diferente. Conhecendo a realidade dos portos, os candidatos já chegam ao processo seletivo com algum nível de qualificação tanto para funções operacionais quanto administrativas, o que proporciona uma facilidade para acessar esse mercado de trabalho.

Ademais, a era digital mudou significativamente o RH nos mais modernos portos brasileiros. A estratégia de captação de talentos passou a ser direcionada a uma geração bem mais conectada. Temos bancos digitais organizados que permitem conhecer o perfil do candidato mais a fundo antes mesmo da primeira fase da seleção.

Outras ferramentas, como entrevistas por vídeo, plataformas para testes e o armazenamento em nuvem, aumentam a velocidade da triagem, auxiliam na integração entre gestores e RH e dão informações mais precisas sobre a performance do candidato para que a melhor escolha seja feita para a vaga em questão.

Novas necessidades

A pandemia trouxe novas necessidades aos portos, como o reforço em tecnologia. A transformação digital, que já estava na pauta das empresas, e a chegada de novas tecnologias ao porto, como inteligência artificial, computação em nuvem e automação, fazem com que as equipes de TI sejam cada vez mais demandadas para projetos.

Equipamentos, manutenção e planejamento exigem profissionais de TI, mas quando se fala em segurança – aduaneira, patrimonial, de dados, de carga, entre outras subdivisões – é que não se medem esforços, e o RH tem atuado fortemente para atrair os melhores profissionais para o mercado portuário com recrutamento 100% digital, sem deixar de lado os talentos existentes em cursos técnicos e universidades brasileiras.

De forma geral, o setor portuário tem grande preocupação em agregar valor com a mão de obra necessária para suas atividades. Trata-se de uma relação ganha-ganha, na qual as organizações olham o ROI (Retorno sobre os Investimentos) e os trabalhadores, sua ascensão na carreira. Não é à toa que as empresas mais competitivas do setor contam com um baixo turnover de pessoal.

Novas empresas irão surgir no mercado após esse período incerto e complexo que estamos vivendo. E a tendência é que a economia volte a crescer, gerando empregos e oportunidades. Os mais modernos players do setor, que contam com sistemas de gestão e alta produtividade, partirão em busca de profissionais técnicos, especialistas e generalistas que desejam prosperar no Porto.

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Lenilton Jordão

Diretor de Pessoas na DP World Santos

Diretor de Pessoas na DP World Santos