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Mulheres tendem a abandonar carreira a partir da maternidade

Não acontece por escolha própria, e sim por necessidade. Mas a tecnologia se propõe a ajudar mães e RHs a mudar essa realidade

Chega a ser surpreendente, mas o fato é que o mercado de trabalho, reflexo da sociedade, ainda vive uma verdade inconveniente: quase metade das profissionais que se tornam mães abandonam as atividades para dedicarem-se exclusivamente aos cuidados dos filhos. Não por escolha, mas por necessidade.

Mais precisamente 48% delas, dentro de 12 meses, após o nascimento dos filhos, diz o estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas, analisando a realidade de 125 mil profissionais. Há mais dados:

A cada duas mulheres que engravidam, uma não consegue se manter no emprego um ano após a maternidade. E menos de 15% dos cargos de alta liderança no Brasil hoje são ocupados por mulheres.

“É impressionante a falta de representatividade de mulheres em cargos mais altos nas empresas. E, quanto mais evoluímos profissionalmente, mais percebemos que a maternidade estava muito ligada à falta de avanço na carreira, além de vermos a falta de suporte que muitas encaram em casa e na empresa”, analisa Flavia Deutsch Gotfryd, mãe e sócia da startup Theia.

Retomando relatório do Fórum Econômico Mundial, se a evolução pelos direitos das mulheres seguir no ritmo que está, a igualdade de gênero só será possível em 2095. E, no capítulo salários, o Brasil só perde para o Chile quando comparado a todos os países das Américas.

Tecnologia para conciliar carreira e vida em família

O propósito da Theia é contribuir para mudar essa realidade comum, que exclui a mulher na condição de mãe da vida profissional.

“Nosso objetivo é romper esse velho paradigma e o desgaste da vida dessas pessoas que trabalham. E, para isso acontecer, disponibilizamos uma rede de profissionais que os orientam e traz soluções para uma série de dilemas, desde fertilidade à saúde física e mental”, resume Flavia, da Theia.

A plataforma inteligente conecta pais e mães a uma rede de profissionais especializados de maneira intuitiva e digital. A rede de apoio virtual funciona 24 horas por dia, de segunda à sábado, disponível via site ou no app para iOS e Android. O atendimento é feito por chat e videoconferência e a startup garante o sigilo das informações.

A rede oferece pediatra, psicólogo, pedagogo, ginecologista, nutricionista, coaching em carreira, especialista em aleitamento materno e terapeuta do sono, bem como educação parental por vídeo e chat, e usam resultados reais para aprender e simplificar a jornada desses pais. As empresas pagam uma mensalidade para subsidiar o uso da plataforma aos seus colaboradores.

Nesse momento, em que a flexibilização da quarentena começa a se tornar uma possibilidade próxima, contar com o suporte multiprofissional pode ser uma forma de garantir um retorno menos traumático e mais tranquilo para os colaboradores com filhos.

A ideia de uma startup para dar suporte a mães que trabalham não agradou apenas empresas. No ano passado, a Theia captou aproximadamente R$ 7 milhões em rodada que contou com o fundo de investimentos Kaszek Ventures  (a mesma que apostou em ideias inovadoras que se tornaram negócios bilionários a exemplo  da Gympass, Nubank, Loggi e Quinto Andar) com a Maya Capital, primeiro fundo de venture capital liderado por mulheres na América Latina e com investidores anjos.

“Temos o desejo de expandir a solução para outros países, já que é um problema global, não só local”, explica.

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