próximo ano na gestão de pessoas
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O que esperar do próximo ano na gestão de pessoas?

Ganhadores do Prêmio Melhor RH Sudeste e time de especialistas da Melhor RH destacam o que permanece ou entra na agenda de Recursos Humanos em 2023

Em sequência ao choque causado pela pandemia no universo corporativo, houve a retomada do trabalho em modelo híbrido. Um reinício carregado de flexibilidade, mas também de incertezas para empresas e colaboradores. A experiência está, ainda, provando sua consistência, dia a dia, enquanto o time se adapta aos novos formatos de relações e de liderança. Foi preciso rever prioridades, colocando o humano acima de tudo, sem perder de vista a produtividade.  O cenário é de jargões como turnover, quiet quiting, entre outros desafios – e as projeções, num pano de fundo em que nada está consolidado, ainda são de constantes análises e transformações. O que esperar do próximo ano na gestão de pessoas?

É sobre um futuro a partir dessa tela que opinam os ganhadores da primeira edição do Prêmio Melhor RH Sudeste, entregue em setembro a 43 líderes de RH e 11 CEOs da região que mais se destacaram na promoção de bem-estar e desenvolvimento entre seus colaboradores. Também relatam suas impressões sobre o que está por vir nesse setor os membros do Conselho de Especialistas da Plataforma Melhor RH.

Quem contextualiza é Fabiano Rangel, Head de Desenvolvimento Organizacional e Institucional da Leão Alimentos e Bebidas, membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH. “Estamos vivendo agora uma ‘resolução silenciosa’, mas com muito barulho, que está colocando em ‘xeque’, hoje, para os próximos 3 a 5 anos, o que conhecemos de modelo de trabalho. O que foi inventado, reproduzido e cristalizado nos últimos 100 com o Fordismo, Taylorismo – e no Brasil, o getulismo, com a forma como se consolidou a CLT”, analisa Rangel.

“No meu ver, acordar, adaptar-se agora e se antecipar a esse contexto é a principal oportunidade que vejo para os RHs em 2023”, aponta o executivo. “O que vivenciamos entre 2020 a 2022 foi apenas um longo ‘estágio’ do que temos pela frente.”

Colaboradores e modelos de trabalho em foco

A premiada Soraya Bahde, People & Transformation Director da Alelo, acredita em constantes mudanças, cada vez mais complexas, para o segmento em 2023. Isso enquanto gestores fomentam um ambiente psicologicamente saudável. 

“Temos o desafio de repensar o design organizacional para que ele caminhe junto com os atuais desafios do negócio e contexto do trabalho. De evoluir o trabalho híbrido, consolidando a nova função do escritório como espaço de disseminação de cultura enquanto preparamos a próxima onda de mudança quanto ao futuro do trabalho”, entende Soraya.

“Precisamos ainda seguir no compromisso com as práticas de diversidade e inclusão, afinal, acredito que cada um de nós é um universo repleto de singularidades que devem ser compreendidas, valorizadas e, acima de tudo, respeitadas.”

A opinião é compartilhada pelo premiado Carlos Toledo, Diretor Executivo de Pessoas e Cultura da Seguradora Zurich. “Compreender as necessidades dos colaboradores e as necessidades do negócio nesse novo cenário, e ao mesmo tempo, criar e manter uma cultura forte dentro da empresa é um desafio que demandará um olhar atento desses profissionais e muito aprendizado em curto prazo”, analisa o executivo.

“A automação e adoção de novas tecnologias, tanto em curto, quanto em médio e longo prazos, também são grandes desafios que esses profissionais [de RH] devem manter sempre em mente”, recomenda.

Toledo acredita que identificar as novas competências que serão exigidas no presente ou no futuro e ajudar os colaboradores a se desenvolverem na direção certa será um grande diferencial, tanto para as pessoas quanto para as empresas.

Consolidação de estratégias

Líder premiada, Érica Baldini destaca o trabalho que vem realizando na Whirlpool, onde atua como Human Resources Sr. Director. Destaca o momento como essencial para análise da evolução obtida desde o período pandêmico e para a consolidação do que se tornou funcional e que garante o crescimento da equipe e da empresa.

“Desde o início da pandemia, o papel do RH e da liderança das empresas ganhou ainda mais relevância e, na Whirlpool, o nosso foco foi ouvir e dar voz aos colaboradores com o intuito de aprimorar o ambiente de trabalho, tornando-o mais empático”, conta a executiva. “Já em 2022, apesar das nossas fábricas nunca terem parado, 100% público administrativo estava em home office e, em julho, retornamos ao modelo híbrido de trabalho, que a companhia implementou em 2014.”

Esse momento de reencontro é muito importante para a cultura organizacional, ressalta Érica. “Por isso, estamos sempre atentos e analisando as transformações das formas de trabalho, a partir de pesquisas externas e internas, com a participação de colaboradores e por meio de consultorias”, explica.

“Estamos trilhando uma jornada de evolução da nossa cultura, liderança e dos nossos negócios, totalmente associada às transformações que já estavam em curso no ambiente de negócios, com o avanço digital e a mudança de hábitos de consumo pós-pandemia.” 

Quem pensa da mesma forma é Tatiana Libbos Vailati, Diretora de RH da Alcon e membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH.  “Consolidar a forma de trabalhar em um mundo repleto de incertezas, com muitos desafios de custo para as organizações em 2023 me parece ser um grande foco”, prevê a executiva.

“A forma de trabalho híbrido veio para ficar, mas é preciso ainda apoiar as organizações para trabalhar de forma efetiva nesse modelo, repensando as formas de engajar as pessoas.” 

Escassez, treinamento e retenção

O premiado Fernando Medeiros, vice-presidente Sênior de Talento e Cultura da Accor, lembra que o cenário continuará a ser o de mão de obra escassa, gerando desafios adicionais para o setor. Os quais, ele crê, somam-se à necessidade de desenvolver e reter pessoas.

“Os principais desafios são atrair, desenvolver e reter os melhores talentos, lidar com a pressão sobre o custo de pessoal dada a combinação de escassez de talentos x inflação, ajustar o repertório dos líderes para lidar com equipes mais exigentes e trabalhando de forma remota ou híbrida” antecipa o gestor.

Para o executivo, é papel do líder de RH também perceber o contexto de negócios da organização. Isso para que possa “contribuir de forma estratégica ao momento de cada negócio”, destaca Medeiros, que é, ainda, membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH.  

“Estratégia” também é palavra de ordem para o premiado Ricardo Burgos, vice-presidente de Capital Humano da UnitedHealth Group Brasil e membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH. Ele acredita em um RH cada vez mais analítico e também ativo em 2023. 

“A pandemia trouxe à tona de maneira extremamente intensa, a relevância de uma área de Pessoas forte, capaz e preparada para contribuir ativamente na criação da estratégia e principalmente, na excelência de sua execução”, entende o executivo.
“Em um mundo que deixa de ser ‘VUCA’ e é cada vez mais ‘BANI’, são requeridos cada vez mais profissionais e líderes em Recursos Humanos que tenham a capacidade de trazer serenidade, senso de urgência, congruência de expectativas e objetivos, tudo isso sempre colocando as Pessoas no centro de toda a dinâmica, ativo este, que representa o maior valor que uma organização pode ter.”

RH protagonista

Assumir um papel crítico para liderar as principais transformações organizacionais, seja em mudanças estratégicas ou novas tecnologias – esse será o foco do trabalho do setor em 2023, segundo a premiada Simone Beier, diretora de RH da Cargill e membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH. “As pessoas da organização são cada vez mais importantes para implementar estratégias e entregar resultados, isso ficou ainda mais evidente recentemente e o impacto tem sido uma valorização ainda maior da área de RH”, observa a executiva.

Para Simone, líderes de RH são e serão cada vez mais líderes de negócios, focados no desenvolvimento e execução de estratégias e resultados. “Acredito que os processos de RH do futuro serão simplificados e baseados em plataformas de tecnologia intuitiva e de fácil acesso para colaboradores e gestores, guiando conversas focadas no desenvolvimento de talentos e resultados.”

Sheila Ceglio, diretora de Recursos Humanos da Pfizer, por sua vez, enxerga como desafio entre as equipes “acelerar o desenvolvimento de novas capabilities necessárias em um ambiente em constante transformação”. No mesmo cenário, ela também acredita, o profissional de RH terá a oportunidade de  “liderar as mudanças na busca de novas formas de trabalhar, estimular a inovação e flexibilidade nas relações e nas organizações.”  Sheila foi contemplada no Prêmio Melhor RH Sudeste e faz parte do Conselho de Especialistas da Plataforma Melhor RH.

Alexandre Gregory, premiado diretor de Recursos Humanos da Premier Pet, também vê o profissional de RH no comando da cena em 2023. Para o executivo, setor deve “ser protagonista e propositivo nas agendas das organizações propondo ações que impactem positivamente as empresas, colaboradores e comunidade, atenta às tendências de ESG, diversidade e inclusão e à mudança no comportamento do mercado de trabalho e na relação das empresas com a sociedade, gerando resultados para todos os envolvidos”.

Disrupção e humanização

A premiada Mari Stela Ribeiro, gerente de Experiência de RH para Américas e de Serviços de RH para América do Sul, destaca que o maior desafio  será o RH olhar de de forma profunda e sólida para a experiência dos funcionários, sendo capaz de questionar leis e buscar facilitar a vida dos colaboradores, de forma a permitir que eles fiquem focados no seu dia a dia e entregas ao invés de um problema ou processo gerado por RH.  É uma visão caracterizada pela capacidade de inovar do setor, promovendo sempre transformações. “O RH precisa ser mais digital, indo além de apenas acompanhar o mercado, deve ser disruptivo e inovador”, afirma a executiva.

“Como oportunidade, vejo que há muito para melhorar no quesito comunicação e digitalização, desde um bom holerith (seja ele físico ou digital, dependendo da necessidade de cada grupo de empregados) até a comunicação de uma mudança nos pacotes de RH com impacto direto ao empregado”, entende Mari Stela.

“Estamos cada vez mais numa Era onde pessoas são e sempre serão o fator essencial numa empresa. Cada vez mais precisaremos humanizar as relações, respeitar as diversidades entre elas, sermos mais inclusivos e tentarmos fazer empresas e pessoas mais felizes”, entende  Marcelo Carvalho, vice-presidente de Pessoas & Organização, Imprensa, Marketing e Comunicação da Braskem, em uma visão humanizada do RH em um futuro próximo. 

Olhar partilhado por Christiane Berlinck, Chief Human Resources Officer da OLX Brasil, contemplada no Prêmio Melhor RH Sudeste.  “Na grande maioria das organizações digitais, onde o remoto é ainda prevalente, acredito que o desafio gira em torno de conectar as pessoas às suas organizações. Comunicação, cultura, conexão emocional são temas chaves”, analisa.

“Também acredito que apesar de termos avançado bastante na pauta da diversidade, equidade e inclusão, precisamos ainda ser mais intencionais e propositivos”, destaca.

2023, um recomeço

“Acredito que 2023 representa um recomeço, com um novo posicionamento das relações entre empresas e profissionais, cada qual dentro de sua cultura corporativa”, entende Renato Rovina, diretor de RH do Banco BNP Paribas.

Ele observa que 2022 está sendo um ano de muita adaptação após anos de distanciamento social e volta a um novo modelo de trabalho e gestão. “Foi também um ano em que os profissionais se reconectaram com seus propósitos de vida e passaram a olhar suas carreiras de forma diferente do que faziam no passado”, relembra. Rovina foi premiado e integra o Conselho de Especialistas da Melhor RH. 

Paola Klee de Vasconcelos, diretora de Pessoas e Cultura da GT7 e membro do Conselho de Especialistas da Melhor RH, analisa que “o ano que chega vem embalado com a necessidade de continuarmos a reimaginar e trazer novas referências”.

Segundo a executiva, “precisamos urgentemente entender que o que era solução ontem, não está mais endereçando as novas necessidades organizacionais de hoje, quando temos a diversificação das relações de trabalho, o crescimento exponencial dos negócios exigindo que tenhamos modelos operacionais e soluções flexíveis e automatizadas para expandir rapidamente as operações”.

E faz um balanço: “Avançamos em diversidade, mas ainda temos muito a construir no que se refere a ter de fato uma cultura inclusiva com representatividade de minorias em cargos de liderança e haverá muita oportunidade para quem já estiver, não apenas se desenvolvendo no digital, mas também em ESG. Temos muita oportunidade pela frente nessa área para os profissionais de RH”.

Como prevê, por fim, Beatriz Sairafi, diretora de RH para Brasil e América Latina na Accenture, temos o “desafio cultural em função da conexão entre as pessoas, de despertar cada vez mais o propósito no trabalho e criar organizações mais diversas e inclusivas”.

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