Modelos preditivos de dados não são novidade no mercado de soluções para RH oferecidas pelas HRTechs, mas a grande questão ainda é o amadurecimento do setor para o uso da ferramenta. Grandes empresas puxam tendências, mas são as startups, ainda, que estão desbravando essa utilidade para as companhias. Ainda há muitos RHs extremamente transacionais e pouco estratégicos e empresas em que a cultura organizacional mobiliza para decisões baseadas em feeling e relacionamentos dos líderes, quando o assunto é gestão de pessoas. Essa é a visão de especialistas no tema, participantes da EXPO ABRH, feira anexa ao CONARH2023, que aconteceu nos dias 8, 9 e 10 de agosto.

As soluções lançadas ou divulgadas este ano no evento ainda se aprofundam em tirar o RH do operacional mas a grande novidade é a integração de modelos preditivos ao que antes era focado exclusiva ou majoritariamente em processos do DP (departamento pessoal). Seja na forma de um novo produto ou de aprimoramento de ferramentas já existentes.

A aplicação de inteligência artificial e machine learning é crescente e não há implementações de prateleira, ressaltam os executivos das empresas de tecnologia. As soluções são, por si, co-criações pilotadas diretamente pelo mercado para resolver sob medida as dores dos gestores de RH: eliminar papel e burocracia e tornar o mapeamento e o cruzamento de dados mais inteligíveis, seja qual for a demanda na tomada de decisão. A experiência do usuário gestor e também do colaborador, quando existe, é outro destaque das ferramentas, módulos e plugins.

Felipe Azevedo, CEO da HRTech LG lugar de gente, entende que é preciso ter as soluções mais avançadas mesmo que o mercado não esteja maduro para operá-las. Ele explica que integrações desde departamento pessoal, à gestão de OKRs, clima e desenvolvimento de pessoas, além de gerar métricas importantes, representam mitigação de riscos e ganhos estratégicos.

“Analytics ainda tem um grau de utilização muito baixo no Brasil. Não é uma questão da ferramenta. Alguns usam dados pra tomar decisão (grupo pequeno), alguns olham os dados e tomam a decisão por outros critérios, também, e alguns preferem não olhar os dados porque eles podem atrapalhar o curso sobre alguma decisão relacional”, destaca Felipe.

A LG trouxe para o CONARH uma evolução de sua suíte Gen.te, que engloba, em nuvem, desde seleção, recrutamento, admissão e folha de pagamento, até aprendizagem, engajamento, Termômetro das Emoções e o offboarding, que resume a jornada do profissional e analisa toda a documentação necessária para proceder o desligamento do colaborador, eliminando problemas trabalhistas e liberando o RH para cuidar do egresso, neste momento tão delicado.

Com o uso deste último módulo, um dos clientes enterprise da Medei, uma empresa LG lugar de gente, teve queda de 60% na entrada de ações trabalhistas motivadas por questões recisórias. “De acordo com o estudo anual do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as verbas rescisórias representam 40% do total das ações trabalhistas em andamento”, destaca Azevedo.

“Quando nós analisamos mais profundamente estes dados de homologação, notamos que são questões ligadas às dúvidas dos ex-funcionários, pagamentos parciais, não concordância com descontos, que poderiam ser resolvidos através de um contato com o ex-colaborador, através de um processo mais transparente“.

Para o executivo, dar ao RH acesso rápido e transparente sobre esses dados ajuda na construção de uma comunicação mais clara com o ex-colaborador. “Transparência e agilidade para o ex-funcionário evitam o ingresso de ações trabalhistas, solucionando dúvidas e questões de não concordância de valores pagos, protegendo os direitos trabalhistas, bem como o cuidado com o futuro financeiro da empresa, ajudando o ecossistema da empresa como um todo.”

Tecnologia que humaniza

Bruno Soares, CEO e co-fundador da Feedz by TOTVS, tem uma percepção semelhante. “A gente está transitando entre o RH operacional e o RH comercial estratégico“, avalia o executivo. “RH estratégico é aquele que consegue criar um diferencial competitivo do seu negócio. E eu acho que, para isso, o caminho de dados, de analytics, é bom, principalmente em empresas de médio e grande porte. Se eu tenho 1500 colaboradores, 300, não dá mais para ficar olhando linha por linha, uma a uma, pessoa por pessoa, conversar com todo mundo o tempo todo.”

Soares ressalva, contudo, que não se trata de ser menos humano. “Ter uma plataforma que automatize, colete esses dados e faça uma análise automatizada, dê relatórios no tempo real, é primordial para melhorar a experiência do RH. E é exatamente o contrário da desumanização: quando eu tenho muita tecnologia eu consigo identificar com quais pessoas eu preciso realmente aplicar o meu tempo como RH, com o ser humano, para melhorar o desenvolvimento“, acredita o CEO.

A TOTVS trouxe para o CONARH um portfólio completo de soluções para departamento pessoal e gestão da experiência humana (HXM). A empresa, responsável pela gestão de 30% das folhas de pagamento dos celetistas no Brasil, oferece hoje tecnologia para digitalização dos negócios com foco em três dimensões: Gestão, com sistemas para automatizar processos das atividades fim e todo backoffice da  operação; Techfin, oferecendo serviços financeiros personalizados por meio dos seus sistemas; e Business Performance, com soluções para as empresas venderem mais e crescerem. Nos últimos 5 anos, a companhia investiu aproximadamente R$2,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento.

Adesão recente

Severino Benner, CEO do Grupo Benner, lembra que a digitalização do RH, incluindo o uso de data ou people analytics, já vinha acontecendo, mas foi impulsionada por acontecimentos recentes: a aprovação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e a pandemia. Benner também destaca a mitigação de riscos possível com as soluções integradas de gestão e que recebem inputs de dados dos colaboradores, principalmente em relação à LGPD.

Benner ressalta, ainda, a necessidade de o RH reduzir ainda mais os processos e a mudança de mentalidade requisitada ao setor. “O que é braçal toma 20% dos RHs – é tempo gasto, ainda, para arrumar ponto, falta, hora extra. Isso hoje vem tudo automatizado. O gestor aprova, faz o abono, você tem tudo atestado, tudo pronto para viagem. O RH tem que mudar a sua proposta”, reforça o executivo, certo de que é necessária uma atuação mais estratégica.

O Grupo Benner figura entre os maiores fornecedores brasileiros de soluções em software de gestão, serviços e transformação de processos, com foco nos mercados verticais de saúde (operadoras e hospitais); jurídico; RH; logística e supply chain; ERP; e turismo corporativo. A operação é 100% em nuvem e modular, para que os custos sejam sob a medida exclusiva da necessidade da organização.

Acompanhe a cobertura do CONARH 2023 neste site e nas redes sociais da Plataforma Melhor RH.
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