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WhatsApp nas empresas: agilidade na comunicação ou riscos para a governança?

Sentimento de frustração pode se amplificar em grupos de WhatsApp, onde as críticas são frequentemente direcionadas de forma mais direta e sem a mediação de um canal oficial de comunicação

de Gustavo Malavota em 4 de março de 2025
Bangkok Click Studio, via Freepik.com

Nos últimos anos, os grupos de WhatsApp se tornaram uma ferramenta amplamente utilizada dentro das empresas, com a proposta de facilitar a comunicação e acelerar o fluxo de informações entre funcionários, líderes e equipes. Esses grupos, muitas vezes informais, surgem como uma alternativa à comunicação tradicional, proporcionando um meio mais ágil e direto de troca de mensagens sobre o andamento de projetos, decisões da liderança e até questões relacionadas à gestão e cultura organizacional. 

Segundo uma pesquisa realizada pela CIO Magazine, aproximadamente 50% das empresas utilizam aplicativos de mensagens como o WhatsApp como uma ferramenta de comunicação interna. Isso demonstra a crescente popularização dessa plataforma como canal corporativo, já que ela permite uma comunicação em tempo real, contribuindo para decisões mais rápidas e resolução de problemas. Contudo, por serem criados de forma espontânea, sem a devida supervisão da liderança, esses grupos podem acabar representando riscos significativos à governança e à gestão da empresa.

O principal risco de grupos de WhatsApp criados sem a participação ativa da liderança é a falta de controle sobre o conteúdo discutido nesses espaços. Quando os gestores ou líderes não estão presentes, os funcionários podem se sentir mais à vontade para expressar suas opiniões e críticas, sem filtros ou a preocupação com as consequências dessas declarações. Isso pode levar a uma situação onde o grupo se torna um espaço de descontentamento, mais voltado para desabafos do que para uma comunicação construtiva. 

Estudos realizados por consultorias como a McKinsey apontam que empresas com comunicação interna eficaz têm 33% mais chances de serem líderes de mercado em suas áreas. Isso reforça a importância de um controle adequado e transparente das comunicações internas, evitando que se criem ambientes hostis ou desinformados.

A ausência da liderança nesses grupos pode propagar um clima de desconfiança. Muitas vezes, os funcionários começam a compartilhar frustrações sobre decisões da liderança, mudanças de políticas ou a forma como os gestores conduzem as operações da empresa. Como esses espaços são informais e carecem de uma estrutura de moderação, as conversas podem rapidamente tomar rumos negativos e gerar um ambiente de revolta. 

De acordo com uma pesquisa da Harvard Business Review, 69% dos funcionários afirmam que sentem que suas preocupações não são suficientemente ouvidas pela liderança. Esse sentimento de frustração pode se amplificar em grupos de WhatsApp, onde as críticas são frequentemente direcionadas de forma mais direta e sem a mediação de um canal oficial de comunicação, como reuniões ou feedback estruturado.

Além disso, a falta de filtros faz com que essas críticas se espalhem rapidamente, sem a oportunidade de esclarecer pontos ou oferecer uma visão mais ampla do contexto. O resultado é um efeito bola de neve, onde mal-entendidos e insatisfações individuais podem ser interpretados como um descontentamento coletivo.

Outra questão relevante é que, em muitos casos, as críticas que surgem nesses grupos não são baseadas em fatos completos ou em uma análise detalhada da situação. Sem o acompanhamento da liderança, os funcionários podem tomar decisões baseadas apenas em suas percepções individuais, que nem sempre refletem a realidade ou o cenário completo da empresa.

Quando esses desentendimentos e críticas se tornam mais intensos, podem gerar ataques pessoais aos líderes, afetando diretamente a autoridade e a moral dentro da equipe. Em vez de fomentar um ambiente de resolução de problemas, o grupo acaba se tornando um campo fértil para boatos, insatisfações mal direcionadas e até difamações, prejudicando não só a moral da equipe, mas também a eficácia da liderança. 

É importante lembrar que, segundo dados de um levantamento da Gallup, empresas com alto nível de engajamento de seus colaboradores apresentam um 21% maior lucratividade, evidenciando que o impacto de uma comunicação saudável no ambiente corporativo não pode ser subestimado.

Para mitigar os riscos associados aos grupos de WhatsApp corporativos, é essencial que as empresas desenvolvam políticas claras de uso dessas ferramentas de comunicação. A presença da liderança nesses grupos, por exemplo, pode ajudar a garantir que as discussões permaneçam produtivas e dentro dos limites adequados. Além disso, promover canais formais de feedback e escuta ativa pode garantir que as preocupações dos funcionários sejam ouvidas de maneira eficaz, sem depender de um espaço informal e muitas vezes descontrolado. 

Empresas que implementam políticas de comunicação transparente e proativa conseguem reduzir em até 45% os conflitos internos, como mostrado por estudos de gestão empresarial. Isso destaca a necessidade de uma abordagem estratégica para equilibrar a espontaneidade dos grupos de WhatsApp com a necessidade de uma comunicação estruturada e eficiente.

Os grupos de WhatsApp corporativos, embora ofereçam vantagens inegáveis em termos de agilidade e proximidade entre os funcionários, representam um risco para a governança das empresas se não forem devidamente controlados. A falta de supervisão, a ausência de filtros nas discussões e o impacto de críticas descontroladas podem prejudicar tanto a moral das equipes quanto a imagem da liderança. 

Para garantir que a comunicação permaneça eficiente e construtiva, é crucial que as empresas adotem medidas para manter o equilíbrio entre a informalidade e o controle necessário, promovendo um ambiente de trabalho saudável, produtivo e respeitoso para todos os colaboradores.

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Gustavo Malavota

Sócio fundador do Grupo Mola, Graduado em Marketing pela ESPM.