O agronegócio brasileiro é sinônimo de inovação e desenvolvimento contínuo. Do produtor rural aos complexos fabris, o setor envolve uma intrincada cadeia de produção, cada vez mais tecnológica, composta por milhares de funcionários que compartilham entre si o desafio de alimentar o mundo. Para se ter ideia do tamanho dessa indústria, o agronegócio representa quase 25% do PIB brasileiro em sua totalidade, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Se hoje o Agro é um dos setores mais sólidos e inteligentes do país, muito disso se deve à preocupação das empresas em fortalecer a comunicação com seus colaboradores, acolhendo diferentes gerações e construindo uma cultura organizacional alinhada ao desenvolvimento sustentável.
Diálogo e sustentabilidade
Para Elcio Trajano Jr., diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil Celulose, uma das maiores produtoras de celulose de eucalipto no mercado global, o engajamento tem ligação direta com o propósito que as empresas possuem. “No caso da Eldorado, a sustentabilidade é um direcionador fundamental para qualquer tomada de decisão. Por isso, penso que pactuar uma atuação responsável com o meio ambiente, o social e a governança nos dá condições para dialogar com todas as gerações”, reflete. Pautas relacionadas à agenda ESG, que abrange princípios como sustentabilidade ambiental, social e governança corporativa, são narrativas poderosas dentro das corporações e igualmente capazes de conectar funcionários e lideranças em torno de objetivos estratégicos.
No agronegócio, é por meio da comunicação interna que as boas iniciativas reverberam entre todos aqueles que fazem parte da cadeia produtiva e são convertidas em engajamento. Nêmora Reche, head de Comunicação Corporativa na Syngenta Brasil, empresa líder em desenvolvimento de tecnologias para o mercado agrícola global, acredita que esse tipo de pauta ajuda a reforçar e trazer novas perspectivas aos colaboradores. “Um dos nossos grandes exemplos é o Reverte, um projeto de recuperação de pastagens degradadas focado no cerrado e que tem sido um grande destaque na comunicação por tratar de todas essas questões do ESG de uma maneira bastante completa. É um projeto que envolve questões de preservação ambiental e até sociais”, exemplifica. Contar essas histórias, destaca Nêmora, gera engajamento e orgulho nos profissionais da empresa.
Cultivando engajamento nos meios rural e urbano
O sentimento de pertencimento não aflora por acaso; precisa ser cultivado mesmo em condições adversas. Em um setor onde a modernização é constante, é preciso ser ágil para garantir que todas as engrenagens interajam entre si com sinergia, por mais fragmentadas que sejam. São públicos diversos, urbanos e rurais, em uma logística que começa no produtor e termina na mesa do consumidor. E no meio disso tudo há fábricas, laboratórios, transporte e tecnologia em constante atualização.
Uma das peculiaridades do setor, segundo Nêmora Reche, é justamente essa dicotomia sobre o quanto a empresa é conhecida e entendida no meio rural e também no urbano. A comunicação interna, nesse contexto, é imprescindível para fundamentar uma ponte entre esses dois universos, mostrando aos atuais e futuros colaboradores que é possível fazer parte do time sem ser necessariamente ligado ao agronegócio. Ao mesmo tempo que nessas organizações trabalham agrônomos, biólogos, veterinários, entre outros profissionais ligados ao setor, existem as áreas de backoffice, como recursos humanos, finanças, comunicação e relações institucionais, em que o desconhecimento sobre o tema é mais natural. “Na comunicação interna da Syngenta, temos uma newsletter, por exemplo, em que uma das editorias trata justamente de agronomia para não agrônomos. Nela, pessoas de outras áreas de formação compartilham o que aprenderam sobre o tema desde que vieram trabalhar na empresa e técnicos complementam as informações. Isso tem sido muito interessante, você acaba descobrindo um mundo novo, muito rico e muito pertinente para a vida de qualquer um de nós como cidadãos”, cita Nêmora. Já Elcio, da Eldorado Brasil, considera um desafio garantir que as informações cheguem às pessoas de forma clara e objetiva, ainda mais em um cenário tão diverso. “A comunicação interna de uma organização que possui times em áreas tão pulverizadas, como é o caso da Eldorado Brasil, enfrenta o desafio da acessibilidade das informações, seja pela localidade onde essas pessoas estão, seja pela necessidade de ser absolutamente didático na maneira como essas informações são divididas”, explica o diretor.
Rompendo fronteiras
A mesma tecnologia que moderniza o campo é a responsável por amparar essas conexões e dar voz às organizações. Não importa onde o colaborador esteja, desde que em suas mãos exista um smartphone com acesso à internet. Não à toa, os canais digitais se tornaram verdadeiros facilitadores dos processos de comunicação no agronegócio, já que permitem que a informação circule por toda a cadeia produtiva até as propriedades rurais mais distantes. Para Fábio Davidsohn Abud, gerente de Comunicação Corporativa da AgroGalaxy, uma das principais plataformas de varejo de insumos agrícolas e serviços voltados para o agronegócio brasileiro, além de disponibilizar canais de comunicação interna, é preciso diversificá-los levando em conta as características dos colaboradores. “A comunicação interna torna-se mais desafiadora à medida em que eles estão mais espalhados geograficamente, sendo que muitos deles não estão baseados em lojas ou escritórios. Essa é uma realidade no AgroGalaxy e a solução que encontramos foi a diversificação de canais de comunicação interna, atendendo não só aos diferentes hábitos de consumo de comunicação de cada grupo, mas também adequando as mensagens aos canais certos e com a frequência correta”, completa.
Elcio Trajano, da Eldorado Brasil, por sua vez, ressalta que é essencial manter os canais de relacionamento acessíveis, inclusive de forma mobile, “para que todos os stakeholders possam ser atendidos em qualquer lugar”. E quando isso não é possível, ainda existem os comunicados impressos e os diálogos diários de segurança, que incluem informações relevantes para o colaborador. “Acreditamos que a responsabilidade de informar passa por diversos níveis. Afinal, comunicação também é colaboração”, pondera. Segundo ele, essas plataformas, além de proporcionarem um alto grau de engajamento, também ajudam a difundir a cultura organizacional da companhia.
O protagonismo da comunicação interna no agronegócio
Essa transformação digital já faz parte da rotina do agronegócio, mas foi fundamentalmente importante durante a pandemia de Covid-19 para que as empresas pudessem manter seus times coesos. As ferramentas digitais, como redes sociais corporativas, YouTube, intranet, podcasts e afins, ganharam destaque em um momento em que o modelo de trabalho presencial já não era mais regra. A comunicação interna, em um cenário crítico como o da pandemia, ganhou uma nova dimensão dentro das corporações, aponta Nêmora Reche, e tornou-se referência entre os colaboradores. “A comunicação interna, se até então não tinha um papel tão protagonista, passou a ser uma área-chave para garantir o engajamento das pessoas, o entendimento da estratégia e, sobretudo, fazer com que elas se sintam conectadas com a empresa”, conta a head de Comunicação Corporativa da Syngenta Brasil. Nesse sentido, Fábio Davidsohn, da AgroGalaxy, ressalta que, independentemente do momento, o que não pode faltar é a informação. “Ela é fundamental para que o colaborador se sinta parte da empresa e parte das decisões estratégicas que envolvem o negócio.”
Apesar da rapidez com que o setor cresce e se moderniza, a tecnologia não é a única força que impulsiona o agronegócio. A comunicação interna, segundo ele, precisa olhar também para a “simplicidade das relações”, sejam elas comerciais ou com colegas. “O mundo do Agro está se transformando do ponto de vista tecnológico, mas as interações presenciais no campo ou em nossas lojas ainda são muito valorizadas por quem está nesse segmento. Há uma complementaridade. A tecnologia ajuda a empresa a se comunicar melhor, a atender melhor seu cliente e a buscar cada vez mais produtividade e sustentabilidade no campo, mas a interação humana e as relações são fundamentais para qualquer negócio nesse segmento”, conclui.
A mulher no agronegócio
O agro é tecnologia e também relações humanas. Além do compromisso com a sustentabilidade, o setor enfrenta o desafio de acolher suas colaboradoras em um território que ainda é predominantemente masculino. Diante disso, as companhias têm investido em iniciativas internas para integrar e valorizar o público feminino. A Syngenta Brasil, por exemplo, conta com um grupo voltado à discussão de melhorias que poderiam ser implementadas no ambiente de trabalho e também com um programa de mentoria para alavancar a carreira de suas colaboradoras. A experiência, segundo Nêmora, é estimulante tanto para as mentoradas quanto para as mentoras, que também passam por uma trilha de formação para que “possam fazer o melhor pelas suas colegas”.
A AgroGalaxy também está atenta ao público feminino e isso se reflete na alta liderança da companhia. Fabio Davidsohn revela que, das mais de 400 empresas listadas na bolsa de valores, somente três contam com uma mulher no cargo de CEO – sendo a AgroGalaxy uma delas. “Queremos chegar até 2030 com mais de 30% dos cargos de liderança da empresa ocupados por mulheres”, aponta. De qualquer modo, sejam quais forem os projetos em pauta, cabe à comunicação interna mostrar aos colaboradores que as “oportunidades são para todos”, como bem diz Elcio Trajano Jr., diretor de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Comunicação da Eldorado Brasil.
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