Nos últimos tempos, virou manchete e virou meme: “A nova geração não quer mais saber de carteira assinada.” Mas será mesmo? Há algumas semanas uma fala de uma menina de 12 anos viralizou no TikTok. A influencer Fabiana Sobrinho (@fabi.bubu no tiktok) compartilhou um vídeo onde sua filha diz ter medo de ser CLT porque isso significaria “andar de ônibus todo dia, chefe, muita gente mandando e ser pobre”.
Só que tem uma confusão grande nessa narrativa. O jovem não rejeita ser CLT; ele rejeita ter chefe com mentalidade de 1990, que acha que controle vale mais que escuta. Rejeita empresa que paga pouco e exige tudo. Que engessa o talento. Que não considera quem ele é, que não respeita a diversidade, a individualidade e que a vida pessoal conta mais que a vida profissional.
Flexibilidade e reconhecimento: o que o jovem realmente quer
O problema não é o regime. É o modelo de gestão. Quando o jovem diz “não quero ser CLT”, ele quer dizer: “Não quero viver preso em um ambiente que não conversa comigo, não valoriza minha entrega, e ainda me paga muito mal por isso.” CLT, por si só, não impede flexibilidade, home office, jornada reduzida, bons salários, acordos híbridos ou cultura leve. Pelo contrário – a legislação permite tudo isso. O que falta é gestão atualizada, empática e transparente, que saiba liderar com contexto.
A real é que a atual geração de gestores ainda falha – em parte – em se conectar com os anseios da nova geração. E digo “em parte” porque também não dá para romantizar tudo o que a nova geração deseja. O equilíbrio está no meio: nem o passado engessado, nem o imediatismo das redes. Trabalho muito este tema dentro do meu livro, “O mundo é seu, mas calma lá”. Mas, hoje, ainda é muito mais comum ver empresas tentando encaixar jovens em moldes antigos do que o contrário.
A solução: liderança moderna e cultura viva
Empresas que se conectam com o jovem não romantizam a CLT, mas também não a demonizam. Elas entendem que o modelo só funciona bem com liderança moderna e cultura viva. A reflexão que fica para nós: ❝Se eu fosse jovem hoje, com tudo o que sei e pensando com a cabeça de um jovem de 18 anos, teria vontade de trabalhar na empresa que lidero? ❞. O jovem quer ser CLT?
A meu ver, ele quer sim. E, de novo, não temos nenhum dado oficial e em larga escala que comprove que ele não queira ser CLT. Ele quer “MAS”, só se for para fazer parte de algo que vale a pena. Algo que pague com dignidade, respeite quem ele é, seja flexível, permita crescimento, reconheça suas entregas e, acima de tudo, que componha uma parte feliz do seu dia. O nome disso não é utopia. É boa gestão.