Pesquisa

Os impactos emocionais da pandemia

A pesquisa buscou traçar um retrato emocional dos brasileiros durante o isolamento social. Muitas são as dúvidas e como isso afeta cada um

Como somos afetados emocionalmente pela pandemia e pelo isolamento social? O estudo recente, feito pela agência de propaganda Leo Burnett, junto à MindMiners, empresa de tecnologia especializada em pesquisa digital, buscou respostas a essa pergunta fundamental.

A pesquisa ouviu mil pessoas e traçou um retrato emocional do brasileiro – seus sentimentos, hábitos e comportamentos – em tempos de covid-19.

Nas regiões Sudeste (48%), Sul (15%), Nordeste (23%), Centro-Oeste (8%) e Norte (6%), foram ouvidos mulheres (51,6%) e homens (48,4%), a partir de 18 anos, das classes A (15%), B (40%), C (40,5%) e DE (4,5%).

O estudo comprova que os impactos emocionais gerados por este período sem precedente e de incertezas são evidentes e abraçam a maioria dos entrevistados. Segundo eles:

  • 55% estão dormindo bem mais (com a justificativa de ser essa uma das principais formas de manter a calma);
  • 50% estão tendo menos contato com as pessoas que amam, mesmo com os recursos das redes sociais;
  • Em contrapartida, 60% afirmaram ter aumentado suas atividades nas redes sociais;
  • 60% estão buscando na comida uma forma de ter calma e relaxamento;
  • 39% das respondentes mulheres (menos da metade) declaram conseguir encontrar um tempo para se cuidar;
  • 75% das pessoas ressaltaram a importância da religião no momento e 27% declararam estar rezando mais;
  • 58% estão se sentindo mais sobrecarregados, pois, mesmo ficando em casa, não conseguem relaxar.
  • 80% acreditam que estamos vivendo um momento que mudará para sempre o mundo em que vivemos.

Para as mulheres, a crise em que vivemos tem sido ainda mais intensa. Elas têm sido mais exigidas e convocadas, sofrendo um impacto maior. O papel da mulher foi, historicamente, construído em volta do lar, o que acaba ainda acarretando a elas uma maior demanda dos trabalhos domésticos, mesmo as que trabalham fora de casa. Em período de isolamento social, essa realidade se intensificou.

  • 65% das mulheres se sentem mais sobrecarregadas, contra 51% dos homens respondentes;
  • 77% das mulheres revelam estar ainda mais dedicadas às tarefas domésticas;
  • 55% do público feminino está cozinhando mais do que antes;

Abaixando o tom e o som

Após a chegada do covid-19, o povo brasileiro abaixou, inclusive, o tom da música. Enquanto em 2019 o algoritmo do Spotify mostrava que o score para classificar músicas de acordo com o quão positivas elas são foi de 66 (entre 0 e 100), recentemente esse índice caiu para 43.

O Dia em que a Terra Parou”, de Raul Seixas, está em primeiro lugar entre as top 10 mais citadas como uma música que remete à pandemia. Em segundo lugar aparece “Trem-bala”, de Ana Vilela, e “Dias Melhores”, do Jota Quest, aparece em terceiro.

Raul Seixas, Legião Urbana e Roberto Carlos, por sua vez, são os três, músicos/bandas mais citados (nessa ordem).

Além disso, entre os gêneros musicais, o gospel foi o escolhido como o que melhor representa este momento (29%). Ainda no ritmo sonoro, com a falta de perspectiva de futuro, a viagem ao passado tem se tornado uma escolha poderosa: 43% lembraram hits que marcaram a década de 2010.

Cores e emojis

As cores também são transmissores de emoções e muitas vezes são usadas para representar a ausência de palavras. Quando questionados sobre qual cor escolheriam para comparar o momento, 24% da população enxerga no cinza a melhor resposta como tradução de sentimentos como resignação e incerteza. Em empate, ambos com 14%, aparecem na segunda colocação o preto (tristeza, seriedade) e o verde (positivismo e esperança).

Para cada 10 entrevistados, ao menos 7 definem a situação com adjetivos negativos. O emoji mais relacionado ao momento é o da angústia/tensão (30%), seguido pelo da reflexão (pensativo), com 21%. 

E, por estarmos em um estado coletivo regido pela preocupação, dentre os medos, os mais expressivos são os imediatos, como:

  • contaminar-se (55,10%);
  • muita gente morrer (52,40%);
  • a economia não se estabilizar (52,30%);
  • a situação não voltar ao normal (45,90%).

Com a pandemia, hábitos simples, que nem pensávamos a respeito, ganham nova dimensão. As pessoas estão desaprendendo para reaprender outros formatos de trabalhar, consumir e de se relacionar. Como era de se esperar, a liberdade de locomoção faz falta (31%), assim como socializar (22%), trabalhar e estudar em condições normais (20%).

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail