Inovar sem limites parece uma ideia incrível, mas até que ponto o custo justifica o risco? Todos falam sobre inovação como se fosse uma estrada sem fim. Na teoria, errar faz parte do processo, assim como experimentar e reinventar. Mas, se inovar fosse só sobre liberdade, qualquer empresa poderia sair testando ideias sem medo. No RH, o desafio não está apenas em estimular a criatividade, mas em garantir que a gestão da inovação aconteça dentro de um cenário realista, onde tempo, dinheiro e empenho das equipes sejam bem dosados. No fim, o que sustenta a inovação não é a ousadia, e sim a capacidade de transformar boas ideias em mudanças sustentáveis e que fazem sentido para o negócio.
Mas, entre tentativas e erros, duas perguntas precisam ser feitas: até onde ir sem comprometer recursos, tempo e o engajamento das pessoas? Existe um limite? Há quem diga que não há barreiras para a criatividade e a ousadia, mas acredite, até para errar é preciso método. Na matéria “Quando o erro vira aprendizado”, mostramos que sair arriscando sem planejamento pode custar caro, tanto para as pessoas envolvidas quanto para o negócio.”. Como Juliana Paolucci, CEO da Oficina da Inovação, destacou naquela ocasião, em inovação, errar não é sobre falhar sem critério, e sim testar com propósito. “Estamos falando de experimentação com método, medição de resultados e ajustes rápidos”.
Jogando o jogo
No mundo corporativo, inovar é sobre se colocar em movimento, antecipando tendências, repensando processos e criando novas formas de fazer acontecer. Essa capacidade de se transformar é o que garante às empresas a adaptabilidade necessária para sobreviver às turbulências de um mercado em constante transformação. E, parafraseando o saudoso Chacrinha, quem não inova, certamente se trumbica.
Brincadeiras à parte, é preciso encarar a gestão da inovação como um diferencial competitivo, o que demanda do RH uma atuação mais do que estratégica. Nas palavras de Mariá Menezes, diretora de Pessoas e Cultura da Sankhya, ou a empresa muda, ou não se sustenta no mercado. “A inovação é uma necessidade para se manter no jogo, especialmente se a empresa quer se diferenciar e, de alguma maneira, ganhar o jogo”, pontua. Se a perenidade do negócio é o objetivo, qualquer organização que se autointitule inovadora precisa de um RH que atue como um catalisador dessas transformações – sejam elas pequenas ou grandes. E vale dizer, mais uma vez, que inovação não tem tamanho nem grau de originalidade.

Voltando ao assunto, para Mariá, isso significa influenciar e modelar a cultura com proatividade, garantindo que a inovação esteja no centro das estratégias de futuro. “O RH pode atuar como mediador ao sensibilizar os colaboradores de que nem tudo pode ser implementado, ao ajudar a liderança a criar momentos e espaços de escuta para incentivar a participação e ao priorizar as iniciativas que realmente impactam o negócio.” E quando o desafio é transformar boas ideias em prática, o segredo consiste em testá-las antes de escalá-las. Rodar pilotos em times mais abertos a mudanças e mapear profissionais que possam influenciar a organização de forma positiva são estratégias que ajudam a validar o que funciona na realidade da empresa, reduzindo riscos e aumentando a adesão.
Gestão da inovação e o papel do RH
No dia a dia, a gestão da inovação impõe ao RH a necessidade de equilibrar tempo, engajamento e recursos, além da difícil missão de cultivar uma mentalidade aberta ao novo, que nunca se satisfaça com o “sempre foi assim”. E esse mindset não surge do nada: as empresas precisam construir ambientes que estimulem trocas e processos criativos, com espaço de sobra para que as pessoas sugiram, testem e implementem ideias. Sabe aquela história de estar em movimento? O inconformismo é o combustível. “Nada se sustenta sem uma mentalidade aberta ao novo. Nesse contexto, o RH tem um papel fundamental de trabalhar a liderança e implementar ritos e práticas que sustentem a inovação como uma rotina, e não como um evento.”
Mas inovar vai além de incentivar ideias. Como bem aponta a gerente executiva de Pessoas do Banco PAN, Marina Gerardi, um ambiente só se torna propício à inovação se a empresa a considera um fator relevante em sua estratégia, dando maior incentivo ao tema. “A partir do momento em que isso acontece, a inovação não será vista necessariamente como algo atrelado a custos, mas sim como um instrumento que viabiliza a empresa ao alcance de novos resultados”, argumenta.
Segundo ela, o papel do RH nesse cenário é o de viabilizador. Mais do que apoiar, ele pode – e deve – liderar a agenda inovadora, atuando tanto na sua organização, ao ajudar o board a definir estratégias para tornar o processo viável, quanto nas questões puramente humanas. Isso passa pela criação de programas voltados à experimentação, pelo incentivo ao compartilhamento de sugestões e pela liberdade para que os profissionais reservem parte do seu tempo à inovação.

Mindset inovador
No Banco PAN, um exemplo prático de como o RH pode fazer a diferença na gestão da inovação é o Inova PAN, que estimula os colaboradores a agirem como intraempreendedores, identificando oportunidades e propondo soluções. O programa acontece em duas etapas: primeiro, recrutamento, capacitação e seleção de ideias; depois, formação de squads e desenvolvimento dos projetos, com bancas de executivos para avaliar os destaques. E para fortalecer ainda mais essa cultura, a empresa também conta com o Iniciativas de Valor, focado em melhoria contínua, eficiência operacional e redução de custos.
A partir de iniciativas como essas, a inovação deixa de ser um conceito abstrato e se torna um fator cultural, sendo vista como um investimento prioritário com resultados objetivos. E não se trata apenas de cifras, mas de avanços no desenvolvimento do capital humano. Para Marina Gerardi, programas voltados à inovação também representam oportunidades de aprendizado, aperfeiçoamento de processos e capacitação contínua, sempre com foco no futuro. E é por isso que ela destaca a importância de conectar a inovação à estratégia, à cultura e aos objetivos da empresa. “Esse alinhamento permite equilibrar as expectativas de retorno com os resultados que os programas podem gerar”, pontua Marina.
O valor da inovação e seus limites
Ainda assim, uma questão inevitável vem à tona: como garantir que o valor da inovação seja percebido, principalmente quando os resultados não são tão imediatos? A resposta consiste em conectar inovação e estratégia, como bem explica Mariá Menezes, da Sankhya. “Projetos inovadores precisam estar alinhados aos objetivos da empresa, mostrando como impulsionam o crescimento do negócio”, complementa. Trazer benchmarks e cases de mercado também reforça essa visão no longo prazo, enquanto destacar os aprendizados adquiridos antes mesmo do retorno financeiro já coloca a empresa um passo à frente. Além disso, vale criar “embaixadores da inovação” entre as lideranças para fortalecer o compromisso com a transformação, reconhecendo pequenas conquistas ao longo do caminho.
Já com relação à questão central desta matéria – “Inovar é preciso, mas até onde arriscar?” –, precisamos falar justamente desse equilíbrio entre a ousadia e o desperdício. E para entender como funciona esse limiar, vale retomar a metáfora do transatlântico. Empresas são estruturas pesadas, com hierarquias bem estabelecidas, e mudar de direção exige tempo e planejamento. Ao mesmo tempo, precisam da agilidade de um jet ski para encarar mudanças e se adaptar rapidamente. O desafio aqui é manter o que funciona hoje enquanto se constrói o futuro.

Limites não são limitações
Para Mariá Menezes, o RH tem muito a contribuir na gestão da inovação para que esses limites não se transformem em limitações. Segundo ela, a sustentabilidade dessas transformações envolve três pontos essenciais. O primeiro dele é definir diretrizes claras, estabelecendo princípios que garantam que a inovação aconteça sem comprometer valores essenciais. Na sequência, as empresas precisam contar com ambientes controlados para testar novas práticas, o que permite equilibrar criatividade e governança – evitando desperdícios. E, por fim, inovar exige acompanhamento constante. Monitorar impactos, coletar feedbacks e ajustar o percurso garante que as mudanças realmente tragam benefícios reais.
Basicamente, limitar a inovação é como plantar uma árvore em um vaso – nunca que as raízes terão espaço para se desenvolver. Por isso, em vez de enxergar limites, a gerente executiva de Pessoas do Banco PAN, Marina Gerardi, defende que o foco deve estar no quanto a empresa realmente acredita na cultura de inovação. São as diretrizes, alinhadas a estratégias e valores, que ajudam a definir seu significado dentro da organização. “Quando isso acontece, as pessoas passam a ter um norte de como atuar, e o processo de melhoria contínua se torna natural”, finaliza.
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