Naquele tempo, oferecer plano de saúde para os funcionários era um grande diferencial. Rapidamente, os gestores perceberam que colaboradores ausentes por conta de problemas de saúde geravam mais gargalos para a corporação do que se podia imaginar. Afinal, a falta de apenas um funcionário poderia significar diminuição de produtividade, sobrecarga em outro funcionário ou setor, gasto extra com substitutos e até atraso em prazos e entregas contratados. Diante desse cenário, os gestores passaram a incorporar a assistência médica em seus pacotes básicos de benefícios.
Qual é o plano?
Hoje, a oferta de planos de saúde empresarial é quase unânime entre as empresas. Uma pesquisa realizada pela Aon Hewitt, em 2011, com 291 companhias, mostrou que 99% oferecem esse benefício. “Atualmente, em uma entrevista de emprego, a pessoa já não pergunta se a empresa oferece plano de saúde. Isso já é trivial. O futuro funcionário, agora, pergunta qual é o plano”, afirma Humberto Torloni, vice-presidente de saúde e benefícios da Aon Hewitt. “Procuramos dar suporte para a melhoria da qualidade de vida de nossos colaboradores”, explica Telma. A equipe de gestão de pessoas da rede não tinha como prever na época, mas de uma certa forma ela antecipou uma tendência que hoje começa a bater Í porta das grandes empresas: o envelhecimento do brasileiro. Dados dos censos demográficos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre os anos 1960 e 2010 mostram que, de lá para cá, a quantidade de idosos no país subiu de 3,3 milhões para 20,5 milhões. Já não é possível negar: o envelhecimento da população é uma realidade evidente e em franca ascensão. E como isso pode afetar a gestão empresarial? De duas formas. A primeira, bastante óbvia: mais funcionários com idade avançada e se aposentando. A segunda maneira é indireta, mas nem por isso menos relevante: os funcionários – mesmo os jovens – terão de cuidar (e garantir) da saúde e do bem-estar de seus filhos e de seus progenitores. “A receptividade dessa iniciativa por parte dos colaboradores foi e continua sendo excelente. Esse é um benefício muito valorizado pela equipe que, apesar de jovem, geralmente é arrimo de família”, afirma Telma. A satisfação é regularmente constatada por meio de pesquisas de clima realizadas na empresa.
Custo alto
Medidas como a do Magazine Luiza podem agradar os colaboradores, ajudar a reter talentos na empresa e até reduzir a quantidade de faltas dos deles, mas o custo para implementá-la não é baixo. A pesquisa da Aon Hewitt revelou que o gasto médio mensal de uma companhia para oferecer plano de saúde apenas para os funcionários é de 8% a 12% da folha de pagamento. Essa média cresceu 9,11% entre 2010 e 2011. O plano que a rede varejista oferece para os pais dos colaboradores é o mesmo que os funcionários têm: regulamentado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com coparticipação para consultas e exames. “A maior dificuldade que vivenciamos para continuar oferecendo esse benefício é o elevado índice de sinistralidade do plano de agregados”, diz Telma. A conta é simples: quanto maior é a idade do assegurado, mais ele usará o benefício – e este quanto mais usado, mais encarece. “Sentimos o impacto principalmente quando temos de negociar o reajuste da mensalidade. Há uma grande preocupação em manter o benefício sem que seu custo mensal se torne inviável”, diz. Para reforçar junto ao funcionário o uso consciente do plano, a empresa varejista realiza reuniões presenciais e utiliza os meios de comunicação internos para divulgar campanhas, orientações e esclarecimentos.
Avaliar se vale ou não a pena investir em benefícios como esse cabe aos gestores de cada empresa, mas se fizermos a mesma pergunta aos colaboradores e aos seus progenitores, certamente a resposta será positiva. Como isso pode beneficiar a corporação como um todo? A diretora de gestão de pessoas do Magazine Luiza responde: “Quando começamos esse projeto, esperávamos dar suporte aos nossos colaboradores para que pudessem oferecer uma assistência médica de qualidade a seus pais. Hoje, vemos que esse tipo de benefício traz muita tranquilidade Í equipe. Consequentemente, temos pessoas mais comprometidas trabalhando conosco.”