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“Como tudo isso vem se equilibrando?”

Com o início da pandemia muitas empresas adotaram o home office, no entanto a rotina do trabalho ocupa o cotidiano doméstico

de Jussara Goyano em 2 de setembro de 2021

É necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre a rotina do escritório e a vida pessoal. A adesão do home office fez com que muitos colaboradores ampliassem horas de trabalho, fazendo com que deixassem seus hábitos e hobbies de lado. O resultado é que muitos ficaram sobrecarregados e adoecidos mentalmente.

“A invasão do escritório no cotidiano doméstico ele acabou sufocando rotinas, ampliou horas de trabalho, sobrecarregou os colaboradores, principalmente mulheres ou até pais de família que tem que dobrar atividades com o filho , cada um no seu contexto, então as coisas começaram a se misturar”, diz Renato Lara, Diretor de Auditoria Interna, Riscos e Compliance do Grupo Marista

Renato participou do debate “Felicidade na prática” durante o Fórum Felicidade Corporativa, promovido pela Plataforma Melhor RH, em parceria com a Negócios da Comunicação, ao lado de Francine Graci, VP de PeopleX (RH) da unico IDTech e Gustavo Cicilini, Vice presidente de Recursos Humanos da Nexa Resources. 

Para Francine a escuta ativa e transparência é essencial para encontrar o ponto de equilíbrio. “A escuta ativa nos permite que a gente vá colocando programas, incentivos, dando auxílios e suportes, de acordo com aquilo que as pessoas estão nos dizendo”, aponta.

Como equilibrar?

A pergunta que ficou pairando na cabeça de muitos gestores foi como equilibrar metas, entregas, resultados, mas também promover um fluxo de trabalho de uma maneira que fosse mais atraente para os colaboradores. Visto que, os funcionários passavam pelo momento de quarentena, momento em que o psicológico fica abalado,  com as questões do escritório nesse contexto. 

“Quando entramos nesse momento de home office todo mundo achou que seria um momento de 2 ou 3 meses e estamos há um ano e meio de pandemia. Como que tudo isso vem se equilibrando?”, indaga Renato Lara. 

Francine conta que em 2020 foi realizado o Termômetro do Home Office e que o incentivo a um canal aberto para o diálogo continua . Ela ainda reforça que é uma forma de avaliar, de forma eficiente e rápida, quando os colaboradores não estão bem. 

Comunicação de via de mão dupla 

Francine explica que possui as reuniões semanais chamadas de “Sextou” e o dia de reunião off. A comunicação de via de mão dupla é um grande aliado na saúde corporativa a fim de que as pessoas mantenham o equilíbrio entre vida pessoal e vida profissional.

Além disso, detalhes simples fazem diferença, como confiança e respeito à agenda do colaborador. “Uma coisa bem simples, mas que eu acho dá um efeito muito poderoso é o respeito aos bloqueios pessoais as agendas das pessoas. Todo mundo tem uma vida diferente, estilos de vida diferentes, assim como formas de interação diferente entre a vida profissional e a vida pessoal. Mas tudo é uma coisa só. Então você permitir que as pessoas coloquem no meio de uma tarde um bloqueio e não invadir aquele horário. Dá uma sensação de conforto muito grande de confiança”, explica Francine. 

Segundo Francine, as pessoas montam listas de “to do” em relação às tarefas que precisam fazer, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, porém na vida pessoal nunca conseguem terminar mais de uma tarefa, pois os colaboradores não acham tempo para fazê-las. “Percebemos que isso é gerador muito grande de estresse, de burnout, de reclamação e de não ter qualidade de vida. O ritmo é intenso e a qualidade de vida tem que ser boa”, afirma Francine.

Para Renato Lara, a palavra coerência é fundamental para o equilíbrio entre as demandas de trabalho e vida pessoal. Renato diz que não adianta ele falar algo, se não fizer no dia a dia. E a partir disso, ele exercita a coerência em pequenos detalhes diariamente.

“Como não mandar mensagem no WhatsApp depois do horário de trabalho e no horário de almoço,  e equilibrar isso.  São coisas pequenas como essa que a gente vem fazendo no dia a dia. Além disso, criamos uma rotina dentro da nossa própria área que é o “café”, que são trinta minutos por dia, três vezes na semana, em que o time entra, quem quiser, numa sala virtual e é o momento do café, que podemos falar o que quiser”, conta Renato. 

Renato explica que os assuntos são diversos como pandemia, Big Brother e futebol. O que os colaboradores se sentem à vontade para falar.  A ideia é realmente um bate papo, uma conversa, para que a equipe não perca a essência e conexão. 

Desafios 

De acordo com Gustavo Cicilini, compreender as diferentes realidades e contextos dos colaboradores para poder equilibrar as demandas foi um desafio. Para isso foi criada ações que pudessem auxiliar todos eles nesse momento. “Nosso objetivo sempre foi buscar ações que pudessem suportar e apoiar todos nossos colaboradores nesses diferentes contextos e também respeitando as diferentes demandas”, aponta Gustavo.

Gustavo conta que na Nexa foi sendo desenvolvido e aprimorado um programa durante a pandemia, o “Jeito Nexa de Cuidar”. O programa conta com 3 pilares na sua construção e execução. “Um pilar trata especificamente de ambiente de cultura, que é como a gente trazer um ambiente leve, mais equilibrado e produtivo para dentro do nosso negócio. O segundo pilar é de educação e prevenção, é como trazer treinamento e apoio para identificar, até formas de ajudar, as pessoas. E o terceiro que é acolhimento e suporte, que é como podemos orientar e oferecer a melhor solução”, explica Gustavo. 

Cicilini também conta que a Nexa possui o Direito de Recusa, quando o funcionário pode recusar uma reunião, uma chamada ou uma situação que não esteja adequada naquele momento. Isto demonstra que as empresas possuem o papel de elaborar projetos para balancear vida pessoal x vida profissional. “Percebemos que falamos muito de saúde mental, mas não sabemos como abordar isso, então trouxemos mais conteúdo, contexto e informação para subsidiar melhor nossos colaboradores a suportar esses momentos”, ressalta Gustavo.

Os frutos

Segundo Gustavo, a partir da execução do projeto a produtividade e engajamento dos funcionários aumentaram, como mostram as pesquisas internas. 

Francine ressalta que tais projetos devem ser pautados no respeito e valores da empresa. E não serem um pretexto para o colaborador trabalhar ainda mais. “Não adianta a gente criar programas e políticas, se eles passam a ser dentro da empresa meros subterfúgios do tipo. Não adianta criar, se a mentalidade do respeito não estiver no DNA da empresa, se genuinamente os gestores não acreditarem nisso, se o conselho não acreditar, isso não vai fazer efeito”, afirma Francine.

De acordo com Francine, apesar dessas políticas criarem o clima de pertencimento e importância, a grande “sacada” é devolver tempo de qualidade aos colaboradores. “São esses tempos que a gente precisa para fazer a descompressão do dia dia”. Além disso, a VP relata que os líderes também têm que se cuidar, visto que cuidam de um time inteiro. É preciso que caso ele não se atentar a sua saúde mental o resultado é negativo, e consequentemente um mau gestor. 

“Felicidade é você conseguir pequenos momentos em que a pessoa se sinta importante e satisfeita. E consequentemente a relação de confiança vai aumentando na organização como um todo”, finaliza Renato Lara. 

Saiba mais

Fórum Melhor RH Felicidade Corporativa é promovido pela Plataforma Melhor RH. Quer conferir todos os debates e conversas do evento?

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