Gestão de pessoas

Na pandemia os profissionais sofrem menos com dilemas éticos

Pesquisa aponta uma melhora nos dados de "hipocrisia" apresentado por colaboradores

de Paolla Yoshie em 6 de maio de 2021

O levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa do Risco Comportamental – IPRC Brasil, apontou que antes da pandemia 35% dos profissionais não eram transparentes ao responderem sobre dilemas éticos organizacionais. Com o isolamento social este número cai para 25%, isto é, uma queda de 10% em relação ao outro período. 

Segundo Renato Santos, especialista em compliance e diretor do IPRC, “houve uma evolução muito positiva com as respostas antes e agora, com a pandemia. As pessoas no home office estão sendo mais assertivas e mais verdadeiras nas suas respostas”. 

“Nesta pesquisa a gente compreende a lógica da pessoa quando está em dilemas éticos”. 

Home Office

Antes do home office  os colaboradores tendem a exagerar nas respostas e não  parecer não verdadeiro.  “Não conseguimos identificar o porquê dessa melhora, mas temos algumas hipóteses. A gente acredita que quando a pessoa está no home office ela se sente mais confortável no seu ambiente e por isso, ela não precisa usar a máscara do profissional perfeito”, diz o diretor do IPRC. 

Outra hipótese levantada  é que o profissional estando mais próximo da família pode ser um fator inibidor para mentir e dissimular sobre sua percepção no trabalho.

A pesquisa

O “2020 – Índice de Integridade Resiliente” foi realizado com funcionários e candidatos à vaga de emprego de 38 empresas, gerando em torno 2500 pessoas entrevistadas, que ocupam cargos sensíveis. 

A metodologia utilizada foi o Potencial de Integridade Resiliente (PIR), da S2 consultoria. “ O PIR foi resultado da minha tese de doutorado ‘Pentágono da fraude’. Quando criamos a metodologia fizemos vários testes de clareza e coerência em relação às questões”, acrescenta Renato. O PIR tem o cuidado para não ferir a individualidade do colaborador. 

Os indicadores têm por objetivo compreender a visão do indivíduo frente a hipóteses de conflitos éticos e seu nível de resiliência que poderão ser expostos no ambiente organizacional.  

Ela é dividida em parte de escrita e vídeo. “Com o vídeo é possível identificar se ela está sendo coerente, na linguagem verbal com relação a linguagem não verbal. Está mostrando dissimulação nas suas respostas ou não”, relata Renato.  Esses vídeos vão para especialistas analisarem o conteúdo, como por exemplo, micro expressões, pausas na fala da pessoa, incongruências entre a fala e o gesto. 

Solução 

“As pessoas sabem que é o correto, mas praticam outra coisa”, fala Renato do IPRC.  E isto é um fator que reflete na alta gestão da empresa. “Mudar a cultura que não precisamos ser perfeitos, compreender e aceitar que as pessoas são humanos”, argumenta Renato. 

A solução para menos atitudes hipócritas e mais transparência têm que começar com a alta gestão das empresas. 

 “Porém, isso nos revela uma perspectiva alentadora: a humanização nas relações profissionais pode ser a chave da mudança ética”

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