Mercado de Trabalho

No Brasil, 51% das demissões no terceiro trimestre foram espontâneas, em busca de melhores oportunidades

Percentual se refere a profissionais com ensino superior empregados no setor privado. Movimento é crescente, por motivações financeiras e pessoais, analisa consultoria Robert Half

de Redação em 11 de janeiro de 2022
Foto mostra mulher sentada em mesa de trabalho ao lado de sua caixa de pertences. Crédito: Pressfoto/ Freepik.com Pressfoto/ Freepik.com

 A 18ª edição do Índice de Confiança Robert Half® (ICRH), com base na análise do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), revelou que 51% das demissões dos profissionais brasileiros qualificados no terceiro trimestre de 2021 ocorreram a pedido dos próprios colaboradores (trata-se de um público de trabalhadores acima de 25 anos, que possuem curso superior completo e atuam empresas privadas).

Fenômeno no Brasil acompanhou onda de demissões espontâneas identificada no mercado de trabalho norte-americano, em maio, e denominada “the great resignation” (algo como “a grande renúncia”, em livre tradução, em função de uma intensa busca por condições de trabalho em adequação ao perfil ou momento de vida do profissional). “O que percebemos é que esse percentual vem crescendo trimestre a trimestre”, afirma Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul, revelando tendência de continuidade desse movimento no país, mesmo em cenário de forte desemprego.

Isso porque, apesar da discreta melhora no índice de desempregados no Brasil, especificamente para os profissionais em questão, as estatísticas são animadoras. “Embora ainda seja uma grande parcela [desempregada] da população, estimada em 12,6% no último trimestre, quando olhamos apenas para o recorte de profissionais qualificados, essa taxa de desemprego fica em 6,0%. Ou seja, a abertura de novas vagas e oportunidades é evidente, e os bons talentos estão cada vez mais disputados”, alerta Mantovani, com base nas conclusões do novo estudo.

Desejo de mudança

Corroborando tendência identificada em outro levantamento nacional divulgado pela Melhor RH, o 18º Índice de Confiança Robert Half® revelou, ainda, que 49% dos profissionais já empregados pretendem buscar novas oportunidades em 2022. Cerca de 61% pretendem mudar de empresa, mas permanecer em sua área técnica, enquanto 39% teriam interesse em mudança de segmento ou profissão.

A busca dos profissionais ocorre, em primeiro lugar, para ambos os casos, por uma maior remuneração. Isso ocorre entre 37% dos que querem mudar de emprego, e entre 31% dos que almejam a mudança de carreira. Estes últimos esperam, também, inovar ou aprender algo novo (19%); realização pessoal (17%); e obter melhor qualidade de vida (12%).

Os dados apontam para o fato de que as empresas terão trabalho para serem competitivas na atração de talentos. Para o diretor da Robert Half, será “um desafio diário”, para o qual a companhia deve ter um olhar estratégico. “Usar do artifício da contraproposta, por exemplo, não é – nem nunca foi – a melhor estratégia de retenção”, conclui Mantovani.

*Entre 3 e 30 de novembro de 2021, a Robert Half ouviu 1.161 profissionais, igualmente divididos entre recrutadores, empregados e desempregados. 

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