Carreira e Educação

Uma geração empreendedora

de Jussara Goyano em 18 de dezembro de 2019
Créditos: Shutterstock

Levantamento mostra as principais dificuldades e desafios de uma geração empreendedora

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Os tempos são outros. O mercado, por exemplo, já não é mais o mesmo. E toda as mudanças são consequências de um mundo impactado com os avanços e, muitas vezes, os benefícios que a tecnologia traz para o setor e para a vida das pessoas.

Nós a chamamos de Nova Revolução Industrial ou Revolução 4.0 aquela que redefiniu modelos, necessidades e comportamentos das pessoas. E quando falamos de mercado de trabalho não é diferente. As empresas e os perfis dos profissionais mudam constantemente, exigindo assim grandes novas adaptações desses atores.

Uma dessas mudanças já podemos notar na ideia de construção de carreira profissional, por exemplo. Por que será que ainda há uma grande rotatividade de profissionais nas organizações e pouco investimento em carreira, muitas vezes, de grandes talentos na empresa? As repostas podem ser muitas e os problemas podem ser diversos, mas o que também chama atenção é a mudança no perfil do profissional das novas gerações: o empreendedorismo.

Para os jovens da Geração Z, nascidos no século XXI, construir um plano de carreira e ficar por muito tempo em uma organização não é o objetivo, como era nas gerações anteriores. Quando o assunto é carreira, esta geração é desconfiada, pois não se sente confortável exercendo uma única função por muitos anos dentro de uma empresa.

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Empreendedorismo é opção para Geração Z

Geração que não presenciou o mundo sem celulares, tablets, internet e computadores, que nasceu em um mundo ‘conectado’, tem a tecnologia como ferramenta que estimula a vontade de aprender coisas novas e a criar ideias que podem torná-los grandes empreendedores. Nasce também no perfil dessa geração o espírito empreendedor.

Para Luca Cafici, empreendedor de 28 anos que participou da criação de três startups em países diferentes e está à frente da InstaCarro, “as organizações que oferecem um plano de carreira apresentam previsibilidade. Porém, as mudanças demoram em acontecer e não sempre dependerão de você. Tem muita politicagem”. E completa: “o crescimento também costuma ser muito mais rápido e quando você consegue mudar algo, o impacto é gigante. Isso me motiva”.

Segundo um levantamento da Confederação Nacional de Jovens Empresários – CONAJE, pelo Raio-X do Jovem Empreendedor Brasileiro, 65% desses jovens empreendedores são homens enquanto 35% são mulheres. A pesquisa, que foi respondida por mais de 5 mil jovens, de 18 a 39 anos, em todo o país, entre novembro de 2017 e janeiro de 2018 e divulgada em julho de 2018, identificou o perfil do jovem empresário brasileiro e quais são as suas dificuldades para manter e expandir seu negócio.

Sobre os desafios de empreender

A pesquisa do CONAJE procurou entender quais são as principais dificuldades e desafios dos jovens empreendedores, e apontou que Gestão Financeira (18,1%), Vendas e Comercial (15,4%) e Gestão de Pessoas (13,3%) são os principais entraves no processo interno da construção de um negócio próprio.

Para Luca Cafici, o principal desafio ao empreender pela primeira vez, com o CenaPlus.com, app de reserva de restaurantes, foi o conseguir capital. “Éramos muito novos e não sabíamos como o mercado de venture capital funcionava”. Já na InstaCarro, startup de venda e compra de carro online, foi em atração de talentos, que é um dos grandes desafios dos RHs e organizações. “Somos muito exigentes com as pessoas que selecionamos para dentro da empresa”, completa Cafici.

Questionados na pesquisa se abririam um novo negócio, 36% dos jovens empreendedores disseram que sim, em segmento diferente do que atua. Mas, com um número considerável – e que é preocupante para o empreendedorismo nacional -, 27,9% disseram que não e 18,8% desejam empreender no mesmo segmento em que atuam. “No Carmudi, criado na Ásia, o desafio foi me adaptar à cultura, conseguir inspirar e liderar meu time”, conta Luca ao investir no segundo negócio.

E quando o desafio de abrir um negócio é externo

Não precisa ser empreender para saber o quanto é burocrático abrir e fechar uma empresa no Brasil. Se existem desafios internos, que os empreendedores precisam quebrar a cabeça para enfrentá-los, há também os externos. Sim! Aqueles que vêm de fora.

Segundo a pesquisa, os principais são aqueles ligados à burocracia e impostos. E se a Gestão Financeira aparece como o maior desafio interno, muito provavelmente é por razão da pressão externa de uma alta e complexa taxa tributária. Carga Financeira Elevada e Complexa (46%), Burocracia (29,7%), Informalidade na Concorrência (21,6) e Legislação (19,7) são alguns dos números colhidos.

Lei Trabalhista

A nova Legislação Trabalhista, que já completou 1 ano em novembro de 2018, também foi assunto abordado no levantamento do CONAJE, e apontou que, para 50% do empreendedores entrevistados, as alterações foram positivas e vão melhorar o ambiente econômico. Apenas 8,9% acreditam que foram negativas e serão irrelevantes para o ambiente econômico.

A aplicação do Raio-X do Jovem Empreendedor Brasileiro foi feita entre novembro de 2017 e janeiro de 2018, e o resultado divulgado em 17 de julho de 2018. Para acessar a pesquisa completa, inclusive com os dados segmentados, acesse aqui.

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