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Semana da Felicidade: Um balanço do tema na sociedade e nas organizações

Comemorado no último dia 20, o Dia Mundial da Felicidade mobiliza discussões sobre o tema durante toda a semana e ao longo do mês de março. Em pauta, o papel das instituções e dos indivíduos sobre ser feliz

de Redação em 21 de março de 2024
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É possível ser feliz. Na vida pessoal e no trabalho. Pelo menos é o que ensina a prestigiada Universidade de Harvard no maior estudo sobre a felicidade e o bem-estar humanos.

O Estudo de Desenvolvimento Adulto da Universidade de Harvard, também conhecido como o Estudo de Grant, é uma das pesquisas longitudinais mais longas e abrangentes já realizadas sobre o desenvolvimento humano. Iniciado em 1938, o projeto acompanhou a vida de 724 homens durante cerca de 75 anos, com o objetivo de compreender os fatores que contribuem para uma vida longa e saudável, bem como os padrões de desenvolvimento ao longo da vida adulta.

O estudo foi liderado por vários pesquisadores, incluindo os psiquiatras Arlie Bock e, mais recentemente, Robert J. Waldinger, que se tornou o quarto diretor do estudo em 2003. Os participantes foram recrutados da própria Universidade de Harvard e dos bairros mais pobres de Boston, incluindo homens de diferentes origens socioeconômicas. Ao longo das décadas, os pesquisadores coletaram uma variedade de dados, como exames médicos, questionários de saúde mental, entrevistas e informações sobre suas vidas pessoais e profissionais.

As descobertas do Estudo de Grant têm sido fascinantes e têm proporcionado insights importantes sobre vários aspectos do desenvolvimento humano. Por exemplo, ele destaca a importância das relações interpessoais e emocionais para a saúde e o bem-estar ao longo da vida, mostrando que ter relacionamentos satisfatórios e de apoio pode ser um fator crucial para uma vida longa e feliz. Além disso, o estudo também destaca a importância de fatores como estabilidade emocional, adaptabilidade, propósito no trabalho e resiliência para o bem-estar ao longo da vida.

O reconhecimento da felicidade no mundo corporativo

Além das pesquisas que direcionam as ações em desenvolvimento humano, e também por conta desses levantamentos, nos últimos anos, houve um reconhecimento crescente da importância da felicidade no ambiente de trabalho. Não à toa, empresas como Basf e Google, por exemplo, criaram cargos de Chief Happiness Officer (CHO ou diretoria de felicidade) e/ou departamentos inteiros voltados à promoção do tema, com intuito de cuidar do bem-estar de seus funcionários. A remuneração de um(a) CHO pode chegar a dois dígitos (cerca de R$ 40 mil, no Brasil, para se ter uma ideia, segundo o Instituto Feliciência).

As organizações estão percebendo que funcionários felizes tendem a ser mais produtivos, criativos, engajados e leais, o que pode levar a melhores resultados financeiros e a uma cultura empresarial mais positiva. Criar uma cultura que promova propósito, colaboração, inclusão e respeito mútuo se torna imperativo. Essa é também a visão de Bruna Fesneda, CHO e Coordenadora de Bem-Estar da BASF para a América do Sul.

“O reconhecimento e as recompensas são poderosos impulsionadores da felicidade no trabalho. Sentir-se valorizado e recompensado por um trabalho bem-feito aumenta a motivação e o senso de realização. Programas de reconhecimento, como prêmios ou elogios públicos, são maneiras eficazes de demonstrar apreço e incentivar um ambiente de trabalho positivo”, destaca Bruna.

A felicidade no trabalho, ainda segundo a gestora, não é apenas um luxo, mas, sim, um elemento essencial para o sucesso profissional e pessoal. Investir em um ambiente de trabalho positivo, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, desenvolvimento profissional, cultura organizacional e reconhecimento são medidas importantes nesse sentido.

Já o educador corporativo Rodrigo Lang, sócio-fundador da Human SA, instituição que promove programas de desenvolvimento focados em saúde, felicidade e bem-estar, enfatiza as habilidades desenvolvidas em um ambiente de trabalho permeado pela felicidade, além do impacto deste na saúde mental.

“Ser feliz não é apenas um estado desejável, é um facilitador de competências humanas essenciais como criatividade, colaboração e resolução de problemas” diz Lang. E reitera que alguns gestores e líderes podem até negligenciar a importância da felicidade no cotidiano de seus colaboradores, mas é essencial lembrar que a saúde mental dos funcionários é uma responsabilidade legal dos superiores.

A felicidade e o bem-estar não só geram um ambiente mais produtivo entre os colaboradores, mas também se estendem por toda a rede envolvida pelas organizações, impactando fornecedores e clientes“, explica o executivo.

No destaque brasileiro, no entanto, apesar do reconhecimento da importância do tema da felicidade e da saúde psicológica para as companhias, Dados do Ministério da Previdência Social revelam que os afastamentos por transtornos de saúde mental cresceram 38% em 2023, em relação ao ano anterior, período em que foram concedidos 288.865 benefícios.

Tecnologia, uma aliada e vilã nas organizações

Sergio Amad, da Fiter

Sergio Amad, CEO da Fiter, empresa de tecnologia especializada na gestão da felicidade corporativa, faz um recorte importante nessa abordagem e enfatiza que a Síndrome de Burnout, um problema que se tornou tema da saúde ocupacional, tem algumas ramificações. Quando se fala em Burnout Digital, por exemplo, o foco é o estresse crônico diante de telas, seja do computador, do celular, configurando um desafio extra para os gestores.

Já entre os que apresentam níveis altos de bem-estar, ele destaca: “Não dá para ser feliz o tempo todo, mas as pessoas conseguem ter consistência e, dessas, 8 em cada 10 conseguem ter alta performance”, explica o executivo, no contexto de evento promovido pela Plataforma Melhor RH sobre o tema.

Vera Bejatto, do Avatar da Saúde

Na perspectiva de Vera Bejatto, CEO da Avatar da Saúde, HR tech focada em gestão da saúde corporativa, o trabalho em frente à tela do computador, intensificado ainda mais durante a pandemia, trouxe consequências para o organismo dos colaboradores. Ela defende que é fundamental que as equipes de RH busquem entender como estão esses colaboradores por meio de um mapeamento geral.

“Não precisamos ficar doentes para mudar hábitos e estilos de vida que não são saudáveis”, alerta Bejatto, em debate promovido pelas Plataformas Melhor RH e Negócios da Comunicação e pelo CECOM – Centro de Estudos da Comunicação. Para ela, democratizar o acesso as informações relacionadas a saúde é essencial, além de implementar ferramentas de avaliação que possam auxiliar setores de recursos humanos e médicos com indicadores importantes.

A dimensão individual

A especialista em psicanálise clínica e desenvolvimento humano, Gisele Hedler, pontua as lições que podemos tirar do Estudo de Desenvolvimento Adulto para alcançar, como indivíduos, a felicidade e uma vida longa e saudável. Segundo Hedler, as relações tóxicas drenam nossa energia emocional e impactam negativamente a saúde mental.

Para a expert, é preciso saber filtrar os relacionamentos, mas também não se isolar. “O estudo mostra que os relacionamentos saudáveis são um dos maiores preditores de felicidade e saúde a longo prazo e, por outro lado, o isolamento provoca solidão, representando um fator de risco para a saúde, principalmente a mental”, afirma Gisele. É preciso, também, abandonar o ressentimento, pois guardar mágoas pode levar a problemas de saúde mental e física. “Segundo o estudo, a capacidade de perdoar e soltar ressentimentos está associada a melhor saúde e maior felicidade”, diz a especialista.

Ainda de acordo com o estudo de Harvard, a resiliência é a chave para enfrentar os desafios da vida, também contribuindo para a felicidade e a saúde em longo prazo. Já as preocupações em excesso, seja com o passado ou com o futuro, podem aumentar os nossos níveis de ansiedade e insatisfação. Viver o presente melhora a qualidade de vida.

Por último, Gisele diz que pode tirar como lição da grande pesquisa a importância da generosidade. “A falta de atos altruístas diminui a sensação de satisfação pessoal. O estudo evidencia que ser generoso aumenta a felicidade tanto de quem recebe quanto de quem pratica o ato, reforçando laços sociais e bem-estar emocional”, afirma Gisele.

Além desse manejo nos relacionamentos e emoções, com impacto direto à saúde mental, é preciso atentar-se ao fato de que riqueza material não está diretamente ligada à felicidade. Por esse motivo, Rodrigo Lang, da Human SA, por sua vez, reitera que não devemos trabalhar apenas visando juntar dinheiro e ser rico. “Muito pelo contrário, a alegria diz respeito às experiências e relações interpessoais. Elas são as responsáveis por enriquecerem a vida, promovendo satisfação verdadeira e duradoura”, entende o executivo, reforçando a importância dos relacionamentos e experiências positivas para o bem-estar.

Ranking da felicidade

Apesar do cenário corporativo brasileiro revelar problemas com a felicidade do colaborador, o Brasil subiu, em 2023, cinco posições no ranking dos países mais felizes do mundo, segundo relatório anual da Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU. Com esse resultado, que coloca o país na 44ª posição, o Brasil é o terceiro mais feliz da América Latina, perdendo apenas para o Uruguai (26º) e o Chile (38º).

Essa medição da felicidade mundial é realizada desde 2012. O trabalho se baseia na avaliação que as pessoas fazem da própria felicidade e em dados econômicos e sociais.

A primeira colocação coube à Finlândia. Os países nórdicos ocupam os primeiros lugares, com Dinamarca, Islândia e Suécia aparecendo logo após a Finlândia.

Em último lugar na lista de 143 países aparece o Afeganistão, afetado por uma catástrofe humanitária após o retorno do Talibã ao poder, em 2020.

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Se você se interessa por felicidade corporativa e deseja conhecer melhor o assunto, acesse o conteúdo de nosso último Fórum Melhor RH de Felicidade Corporativa (assista aqui aos dias 1 e 2 do evento) e fique atento(a) aos anúncios relacionados à quarta edição do Fórum, prevista para junho de 2024, neste site e em nossas redes sociais.

(Adaptado de Portal da Comunicação)

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